A preocupação básica do presente trabalho é analisar a evolução da produção de alimentos sob a ótica de seus impactos na estrutura fundiária. Pretende-se comprovar que a lógica concentradora é inerente ao processo de desenvolvimento capitalista, independente da cultura e que, na produção de alimentos, a concentração ocorre dentro de padrões semelhantes à da atividade agro-exportadora. A análise dessa questão para o Município de Itaberá, São Paulo, um dos maiores ofertantes de feijão do estado, durante o período 1968-88, época em que se expandiu a produção de feijão, mostra que, de uma situação já de concentração forte a muito forte (Índice de Gini = 0,8451), o processo avança para uma concentração de muito forte a absoluta (índice de Gini = 0,9030). Os excluídos da propriedade passam a trabalhar na indústria ou na área de serviços e os migrantes de outras regiões, especialmente nordestinos, vêm trabalhar no cultivo de feijão.