Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2012/13, Junho de 2013

As previsões de safras parciais e finais das lavouras de maior expressão econômica no Estado de São Paulo foram obtidos por meio de levantamento realizado em junho de 2013, conduzidos tanto pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) como pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), tendo sido empregado método subjetivo2, nos 645 municípios paulistas. Para a cultura da laranja, as informações resultam da compatibilização de dois levantamentos: métodos subjetivo e por amostragem probabilística, ambos valendo-se de pesquisa de campo (Tabela 1).

Com base nos resultados, a colheita de grãos nesta safra deve somar 7,98 milhões de toneladas, representando acréscimo de 7,3% em relação ao ano agrícola anterior. Essa variação se deve a maior produção da soja e do milho (incremento de 570 mil toneladas), combinadas com ganhos de produtividade e aumento de 3,8% de área plantada. Ademais, as condições climáticas foram, em geral, favoráveis à produção.

Para a elaboração dos números índices (Laspeyres) que refletem a evolução da agricultura paulista no ano agrícola 2012/13 em comparação ao período anterior, foram selecionadas as lavouras mais importantes em valor da produção. Os resultados agregados indicam ligeiro crescimento na produtividade da terra de 0,56% com simultâneo incremento de 0,32% da área plantada, resultando em acréscimo de 1,74% no volume produzido (Tabela 2).

Tomando-se o conjunto das culturas anuais, constatou-se acréscimo na produção de 9,07%, devido aos aumentos de área plantada (4,14%), e da produtividade da terra (4,73%). Esses índices positivos refletem o comportamento dos cultivos dos grãos, de que se esperam aumentos de 10,76% na produção, de 4,39% na área cultivada e de 6,11% na produtividade, em razão da evolução das culturas do milho e da soja (primeiras safras) e do amendoim das águas, este com menor expressão.

Considerando-se as culturas perenes e semiperenes, os índices Laspeyres praticamente permanecem estáveis, registrando 0,27% para a produção, -0,06% para a produtividade da terra e -0,65% de área plantada (Tabela 2).

O levantamento final de safras referente à cultura do algodão mostra redução acentuada para o cultivo da fibra no estado. A área plantada de 11,1 mil hectares em 2012/13 sofreu retração de 40% em comparação a verificada na temporada anterior, enquanto a produção de 37,14 mil toneladas foi 41,1% menor. Dificuldades na comercialização traduzidas por queda nos níveis de preços estabeleceram contexto desfavorável vigente à época do plantio da safra.

      O aumento nos estoques mundiais com consequente redução das exportações brasileiras e consumo doméstico, sem expectativa de incremento no ritmo de utilização de excedentes, contribuíram para o agravamento das condições de mercado para a cotonicultura paulista e brasileira na temporada que se encerra.

Para a safra da seca de amendoim em 2013, as informações apontam queda na área plantada em relação à mesma campanha de 2012 e aos totais registrados nos anos de 2010 e 2011, um indicativo da continuidade na retração, pois a safra das águas vem se consolidando como a principal. Quanto aos volumes produzidos, estes são quase 9,9% inferiores à colheita anterior embora assinale aumento na produtividade média (13,6%).

Na cultura do arroz registraram-se perdas na produção (23,8%), na área (26,8%) e ganhos na produtividade (4,0%). A região do Vale do Paraíba concentra aproximadamente 80% da produção paulista.

A produção total de feijão obtida das lavouras da seca e de inverno – segunda e terceiras safras, respectivamente – contabilizou 124,2 mil toneladas em 2012/13 com aumento de 17,7% em comparação a safra anterior. O incremento mais significativo ocorreu no cultivo da seca que proporcionou 47,7 mil toneladas, quantidade 32,2% maior. Além do ganho em produtividade, houve expansão em 13% na área cultivada, refletindo as condições vigentes no mercado por ocasião do plantio da seca, em que se observou escalada dos preços recebidos pelos agricultores paulistas durante o primeiro quadrimestre do corrente ano.

Para as lavouras de inverno é previsto ligeiro decréscimo na área (-1,5%), atingindo 31,8 mil hectares em 2012/13. A expectativa para a produção de feijão de inverno é de 76,5 mil toneladas, com aumento de 10%, decorrente de ganhos na produtividade. Entretanto, não se descarta a possibilidade de algum nível de dano nas lavouras ocasionado pela forte frente fria que assolou o estado no final de julho.

Os números finais da primeira safra de milho indicam que a área plantada total decresceu 1,8%, dada a competição exercida pela cultura da soja, mais rentável que a do milho. Ainda assim a produção cresceu 3,1%, graças ao aumento de 5,0% na produtividade. Este desempenho se deve à modalidade de cultivo irrigado, que cresceu em área (3,4%) e produtividade (2,0%), compensando em parte a retração da área da modalidade de sequeiro (2,3%). Por sua vez, na segunda safra a área plantada avançou em 8,2% diante da perspectiva favorável do mercado na presente temporada, refletindo-se numa maior produção (5,1%). A menor produtividade esperada (-2,95%) não deve causar alarme, pois, na safra 2011/12, foi obtido recorde de produtividade média no estado. A maior parcela da colheita será realizada em agosto, quando serão obtidos os resultados finais para esse produto.

A área plantada de soja cresceu em 12,7%, (destacando-se as lavouras irrigadas com 44,6%), refletindo o otimismo dos produtores quanto aos preços recebidos na presente temporada. A produção obtida, por sua vez, aumentou 27,7%, graças ao incremento da produtividade (13,3%).

No terceiro levantamento da safra 2012/13 de trigo manteve a tendência da expressiva alta de 61,0% na área e de 62,5% na produção, mantendo-se estável o rendimento (0,9%). Esse levantamento não expressa ainda os prejuízos da cultura do trigo em decorrência da ocorrência de geadas. Na principal região produtora do estado, EDR de Itapeva, segundo informações de técnicos locais serão superiores a 50% (existem relatos em que se estimam perdas de até 70%). A maior parte da lavoura, cerca de 80%, foi plantada entre abril e maio, portanto, encontravam-se na fase de enchimento dos grãos, muito sensível à ocorrência de ondas de frio intenso. Além das perdas físicas, deverá ocorrer também perda de qualidade. Assim, um quadro mais real desse cereal deverá ser obtido no próximo levantamento.

Para triticale, este levantamento estima 4,98 mil hectares plantados, 55,3% menor que na safra passada, com produção inferior de 59,2%, reforçada pela queda de 8,6% no rendimento médio.

Com o encerramento da colheita da batata da seca em junho, constatou-se 15,9% de expansão na área e 21% de acréscimo na quantidade produzida. Todavia, em São Paulo, o cultivo da batata de inverno é o principal dentre as três safras (águas, secas e inverno); ele teve seu plantio em abril e a colheita ocorrerá a partir de setembro. Estima--se aumento de 5,3% da área cultivada e de 2,3% na produção esperada em razão da esperada queda na produtividade (-2,9%). Sendo esse o primeiro levantamento não foi, ainda, contabilizado o efeito da geada ocorrida em julho.

Também com colheita finalizada em junho, a cebola de bulbinho ou soqueira exibiu redução da área cultivada (-38,7% frente à de 2012), com produção em queda de 41,6%. Aparentemente, com a escalada dos preços recebidos pelo produto em 2012, os produtores preferiram comercializar parte dos bulbos sementes. Prevê-se redução de área no cultivo de cebola muda de 4,7% que, por sua vez, não afetará o incremento da produção esperada em 12,9%, devido ao expressivo ganho na produtividade média dessa lavoura (18,3%). Na safra anterior (2012), distúrbios climáticos - excesso de chuvas - prejudicaram o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, da produção.

Em 2013, o mercado de tomate in natura passou por substanciais altas de preços em razão de adversidades climáticas no ano anterior (excesso de chuva em junho e geada em seguida), que diminuíram a produção e atrasaram o plantio das mudas. Assim, área cultivada no estado apresenta aumento de 0,6% incrementando a produção em 2,1%. O cultivo de tomate rasteiro para indústria tem diminuição de área em 12,9% e a produção deverá ser 12,1% menor. São Paulo participa com apenas 15% da oferta nacional do produto.

Observa-se retração de 2,4% na área cultivada com mandioca para indústria. Entretanto, o levantamento indicou aumento na área nova de 13,3%, aderente ao comportamento do mercado, pois preços recebidos mais favoráveis poderão influenciar a decisão dos produtores pelo aumento de área cultivada para a próxima safra. Estima-se queda de 6,6% na produção e aumento na produtividade de 2,9%. Quanto à mandioca para mesa, estimam-se aumentos na área total plantada (13,5%) e na produção (1,2%), acompanhadas por retração na produtividade (-1,4%).

A produção de cana-de-açúcar alcançará 434,5 milhões de toneladas, 2,3% superior à da safra passada, ocupando área para corte de 5,4 milhões de hectares e, somada à área nova, totaliza 6,0 milhões de hectares, valor equivalente à área total registrada em 2011/12. Quanto ao rendimento, será 1,6% superior com a produção média esperada por hectare de 80,6 toneladas.

Esperam-se decréscimos na área ocupada com banana (1,7%) e ligeiro aumento na sua produção (1,8,%), com aumento na produtividade da terra (3,2%).

Estima-se produção comercial de 296,8 milhões de caixas de 40,8 kg de laranja nesse segundo levantamento da safra 2013/14, não incluídas nessa quantidade cerca de 14,6 milhões de caixas que foram perdidas em razão do atraso em sua colheita3. Deste montante, o volume da fruta destinado à moagem industrial poderá atingir 252,7 milhões de caixas e a produção esperada de laranja para comercialização in natura poderá ser de 44,1 milhões de caixas.

A presença dos frutos remanescentes da safra passada (2012/13) durante a atual florada impactou na diminuição da produção de 2013/14. Adicionando-se a isso, a descapitalização dos citricultores ao longo dos últimos anos, motivada não só pelos baixos preços recebidos pela caixa da fruta, mas também pelo aumento de custo de sua produção em razão de problemas fitopatológicos, não demonstram fatos que sustentem otimismo nesse segmento.

A área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é estimada em 498,5 mil hectares, sendo a área em produção de 464,9 mil hectares. Estima-se produtividade média dos pomares paulistas alcance 1,63 caixa por pé, o que corresponde a 638 caixas por hectare. A estiagem no segundo semestre do ano passado e o alto índice de problemas fitossanitários, principalmente cancro cítrico e HLB, foram fatores que podem ser elencados como influencia nessa média de produtividade.

O resultado da estimativa de safra de laranja no Estado de São Paulo é produto de parceria entre a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA), por meio dos órgãos Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), e a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), pertencente ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

           O próximo levantamento, a ser efetuado em setembro de 2013, trará as primeiras informações de intenção de plantio das culturas da safra de verão para 2013/14 e os resultados finais de 2012/13 dos produtos agrícolas de inverno e das culturas perenes: banana, café e laranja. Os resultados deste levantamento, disponibilizados por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), encontram-se na tabela 4, e por Região Administrativa (RA), na tabela 5.


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1Os autores agradecem aos técnicos das Casas de Agricultura pelo desempenho no levantamento. Também agradecem os comentários dos colegas pesquisadores do IEA, e dos técnicos de apoio Getúlio Benjamin da Silva e Talita Tavares Ferreira, do CPDIEA, e Irene Francisca Lucatto, do Departamento Administrativo.

 2Entende-se por método subjetivo a informação  fornecida pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção.

 3Considerou-se produção de pomares não expressivos economicamente e perdas relativas ao processo produtivo e colheita.

Palavras-chave: previsão de safra, área e produção, Estado de São Paulo.


Data de Publicação: 03/09/2013

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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