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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2012/13, Intenção de Plantio, e Levantamento Final, Ano Agrícola 2011/12,Setembro de 2012
O
primeiro levantamento para a safra agrícola 2012/13, que indica a provável área
a ser plantada pelos agricultores, foi realizado de 3 a 24 de setembro pelo
Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI). Os dados foram obtidos pelo método subjetivo2, que consiste nas
informações fornecidas pelos técnicos das Casas de Agricultura em cada um dos
645 municípios paulistas. -Intenção de
Plantio O
levantamento de intenção de plantio para os sete principais produtos no plantio
das águas, quais sejam: algodão, amendoim, arroz, batata, feijão, milho e soja,
as informações projetam aumento de área ocupada em 5,2%, comparativamente ao ano
agrícola 2011/12, totalizando 1,37 milhão de hectares ante 1,30 milhão de
hectares, tendo como destaque o acréscimo da área de soja e milho e decréscimo
acentuado para o algodão (Tabela 1).
Tabela 1 - Previsões e Estimativas das
Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2012/2013, Intenção de
Plantio, Setembro de 2012
Para a safra 2012/13 do algodão a expectativa da área a ser plantada é de 14,2
mil hectares, ou seja, uma redução significativa de 23,2% em relação à safra
2011/12. Esta queda é prevista nos EDRs de Avaré, Itapeva e Itapetininga, que
representam atualmente o principal núcleo da cotonicultura paulista, no entorno
da Cooperativa Agroindustrial Holambra, em Paranapanema, e reduções também nos
EDRs de Presidente Venceslau e Presidente Prudente. A expectativa de diminuição
de área se deve ao elevado custo de produção e às queda dos preços de mercado em
relação aos do mesmo período do ano passado nos mercados interno e externo. Cabe
salientar que os dados são preliminares, considerando que o plantio se estende
até fim de novembro.
Para o amendoim das águas, espera-se acréscimo de 2,0% na área plantada, em
comparação à última safra, devendo chegar a 81,37 mil hectares. Essa previsão
aponta certa estabilidade devido às condições de mercado e da dinâmica de
renovação dos canaviais, em que se observa pouca variação de área em comparação
à safra passada, nas principais regiões produtoras como: Jaboticabal, Assis,
Tupã, Marília e Ribeirão Preto.
Para a cultura do arroz de sequeiro, várzea e irrigado a intenção de área
plantada apresenta redução de 3,3%, em relação à safra passada. Esse resultado
preliminar mostra a tendência declinante do produto no Estado, diminuindo cada
vez mais a participação no mercado nacional que, de certa maneira, dificulta sua
comercialização frente à concorrência com outros estados produtores,
principalmente da região sul, a maior produtora. Nota-se que a área de arroz
irrigado deve representar 76,1% do total a ser plantado, sendo o Vale do Paraíba
(EDRs de Pindamonhangaba e Guaratinguetá) a maior região produtora do
Estado.
A
cultura da batata das águas tem previsão de área plantada de 9,2 mil hectares e
deverá ser 3,4% inferior a do ano anterior. No EDR de Avaré a expectativa é de
redução de 32,7% na área a ser cultivada, e nos EDRs de Itapetininga e Itapeva a
perspectiva é de estabilidade. Esses EDRs compreendem as principais regiões
produtoras.
O
plantio de feijão das águas nesta safra deve ocupar 4,9% a menos de área no
Estado, totalizando 64,1 mil hectares. A expectativa de um menor plantio na
maior região produtora (EDR de Itapeva) tem como justificativa a substituição
pelo cultivo da soja.
A
intenção de plantio da área de milho (safra de verão, sequeiro e irrigado) é de
crescimento de 3,5% (578,7 mil hectares) em relação à safra passada, por conta
da recuperação dos preços com a quebra da safra americana, ocasionada pela seca,
que resultou em aumento nas exportações brasileira, e a expectativa de renda
voltou animar os produtores paulistas. Dada a expectativa de resultado econômico
favorável em 2012/13, estes produtores estão adotando mais tecnologia, como o
sistema de irrigação, projetando acréscimo de 10,9% de área (57,9 mil hectares)
para o milho irrigado no Estado.
Para a área de soja (safra de verão, incluindo a soja irrigada), há expectativa
de crescimento na área ocupada com a cultura de 10,1% comparando-se à safra
anterior, devendo atingir 600,5 mil hectares. Isso se deve aos bons preços da
oleaginosa no mercado, ser mais resistente aos efeitos do fenômeno 'La Niña' e
ter o custo de produção menor do que o do milho. Outro fator a considerar é a
diminuição da produção nos Estados Unidos, com reflexo positivo para a
exportação brasileira. A área com soja irrigada apresenta elevação de 32,8% em
relação ao ano passado, totalizando 29,9 mil hectares para 2012/13. Como no
milho, a expectativa de maior remuneração está motivando os produtores a
investirem em tecnologia.
As
informações da intenção de plantio dessas culturas estão disponibilizadas por
Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) na tabela 2.
O
levantamento a ser realizado no campo em novembro de 2012, referente ao ano
agrícola 2012/13, deverá caracterizar melhor o quadro da agricultura paulista,
com as primeiras informações de produção e produtividade para essas
culturas.
- Quarto Levantamento para Culturas ainda em Fase de Encerramento da Safra 2011/12
Estimam-se perdas na área plantada com cebola do cultivo com mudas de 24,2%, bem
como no volume a ser produzido de 31,6% e de 9,9% na produtividade,
comparativamente à safra passada. Fatores climáticos como intensas chuvas em
junho e estiagem em julho e agosto prejudicaram a produtividade, e preços pouco
estimulantes aos produtores diminuiu a área de cultivo (Tabela 3).
A
safra paulista de laranja (realizada pelo método subjetivo), para a safra
agrícola 2011/12 (safra industrial 2012/13) está estimada em 363,9 milhões de
caixas de 40,8 kg, volume 5,4% inferior ao obtido na safra anterior,
principalmente, por conta de fatores climáticos, como a baixa precipitação na
época do pegamento, o que reduziu a quantidade de frutos por planta da primeira
florada. Outro motivo bastante significativo é a maior incidência de doenças que
vêm acometendo os pomares, como a pinta-preta, o cancro cítrico e o greening,
provocados tanto pelos fatores climáticos ocorridos no início de 2012, que
contribuíram para uma maior incidência desses agentes fitopatogêncios -como pela
falta de investimento nos tratos culturais, pois os produtores continuam
foca-dos nas dificuldades para escoar a atual safra. Esta situação pode
comprometer parcialmente o desenvolvimento da próxima temporada, já que o caixa
do citricultor tem sido basicamente para desembolsos com a colheita em
andamento, sobrando pouco para tratos culturais.
Este volume inclui tanto as frutas comerciais como os frutos provenientes de
pomares não expressivos economicamente e as perdas relativas ao processo
produtivo e à colheita. Nesta quarta previsão, a área total plantada está sendo
prevista em 556,38 mil hectares (2,3% inferior que a plantada na safra passada),
sendo 495,31 mil hectares de pomares em produção. A expectativa dos
citricultores para essa safra quanto à produtividade média por hectare é
ligeiramente superior (735 caixas de 40,8 kg por hectare) ao ano safra anterior,
que foi de 732 caixas de 40,8 kg por hectare (Tabela 3).
Para cana-de-açúcar, a previsão do volume a ser produzido é de 419,6 milhões de
toneladas, que representa crescimento de 3,4% em relação à safra anterior com a
produtividade esperada de 78,8 t/ha, aumento de 2,3%. Em relação à área total
cultivada, a expansão da cultura deve crescer 2,5%, enquanto para a área para
corte o aumento previsto é de 1,0%. Apesar de os números atuais serem positivos
na comparação com a safra 2010/11, o ritmo de crescimento é menor quando
comparadas as safras dos anos de 2001 a 2010.
O próximo levantamento a ser feito no campo em novembro apontará os dados finais de 2011/12.
- Levantamento Final Safra 2011/12
Na pesquisa efetuada em setembro foram também obtidos alguns números finais para
a safra agrícola 2011/12, disponíveis na tabela 4.
Os
dados da estimativa de feijão de inverno (excluindo o irrigado) apontam para
incremento de 2,9% na área plantada e perdas de 14,2% na produção obtida, por
conta da menor produtividade da terra de 16,6%. Para a cultura irrigada houve
ganhos de área (5,8%) e de produção (1,4%) e também perdas na produtividade
(4,2%).
A
área plantada com milho safrinha ficou em 301,8 mil hectares, 8,4% maior que a
obtida na safra passada. O volume produzido nesta safra agrícola de 22,6 milhões
sc. 60 kg (ou 1,354 milhões de t) foi 71,4% maior ao de 2010/11, devido ao
recorde de produtividade de 4.487 kg/ha. Esse bom resultado da safra atual pode
ser explicado pela boa condução da lavoura e pelas adversidades climáticas
enfrentadas no ano passado com estiagem no início do plantio, geada na fase de
florescimento e granação.
Para a soja safrinha, os números finais apontaram crescimento de 36,5% na área
totalizando 11,3 mil hectares e de 30,8% na produção (473,0 mil sacas de 60 kg),
em relação à safra anterior.
Em
virtude da expansão das áreas de milho e soja, houve diminuição do cultivo de
trigo na safra 2011/12 em comparação com a safra anterior. Registraram-se quedas
de 31,0% na área e de 18,5% na produção, porém o rendimento foi superior em
18,1%. Situação semelhante se deu na cultura de triticale, com decréscimos de
11,4% na área e 2,8% na produção e acréscimos de 9,7% no rendimento.
A
safra de batata de inverno apresentou estimativa de área plantada de 12,4 mil
hectares, ligeiramente superior à estimativa de 2010/11 (1,4%). Os
bataticultores paulistas colheram 19,4% a mais de batata do que na safra
passada, atingindo 377,9 mil toneladas.
Na
bananicultura, o total estadual mostra aumento de 1,4% na área em produção,
porém queda na produção (-3,1%) devido à quebra na produtividade (-4,5% ) o que
é consistente com informações de maior incidência da sigatoka negra.
A
estimativa final de produção de café no Estado de São Paulo, em 2011/12, indicou
que a colheita tenha alcançado 5,356 milhões de sacas de 60 kg beneficiadas,
representando incremento de 36,72% frente à safra anterior. Também foi
constatado aumento de 2,18% na quantidade colhida, inclusive frente ao penúltimo
levantamento subjetivo de setembro de 2012, revelando o grande potencial
produtivo das lavouras paulistas, cuja média de produtividade estimada final foi
de 25,72 sc./ha. O estímulo propiciado pela elevação nas cotações ocorrido no
segundo semestre de 2011 fez avançar o plantio de novas áreas que totalizou
nesse levantamento final 16.893,66 ha cultivados, significando incremento de
6,29% frente ao levantamento final de 2010/11. Os números contabilizados
confirmam tendência já observada de recomposição da cafeicultura paulista em
patamar de maior eficiência técnico-produtiva e de qualidade (Tabela 4).
As
informações deste levantamento também estão disponibilizadas por Região
Administrativa (Tabelas 5 a 7).
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¹Os autores agradecem os
comentários dos colegas pesquisadores do IEA. Também agradecem aos técnicos das
Casas de Agricultura o desempenho no levantamento.
²Entende-se por método subjetivo a informação dada pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta do dado de forma declaratória, fornecida pelo responsável da unidade de produção.
Palavras-chave: previsão de safras
Data de Publicação: 22/11/2012
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ana Maria Montragio Pires de Camargo Consulte outros textos deste autor
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Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Mario Pires De Almeida Olivette (olivette@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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