Artigos
Comércio de Pescado na CEAGESP, entre os Anos de 1991 a 2009
Introdução
A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) mantém a
maior rede pública de armazéns do Estado, e seus entrepostos atacadistas
funcionam como ponto de encontro de produtores e comerciantes. As unidades da
capital e do interior funcionam como canais de distribuição da produção regional
para feiras livres, supermercados, sacolões, restaurantes e distribuidoras
hortifrutícolas. No entreposto da capital, chegam os mais variados produtos,
vindos de 1.500 municípios brasileiros e de outros 18 países1. É
também ponto de referência na venda atacadista de pescado, sediando 65 empresas
de pesca2. Este estudo teve como principal objetivo levantar o volume
e as espécies de pescado recebidos e comercializados pela CEAGESP, assim como
sua origem, comercialização e valores econômicos. Materiais e Métodos Este trabalho fez parte do projeto realizado pelo INFOPESCA, financiado pelo Fundo Comum de Produtos Básicos (CFC)3. Foi realizado com base em informações fornecidas pela CEAGESP, a partir de dados oriundos do controle de contabilidade e volume de produtos pelas notas fiscais de entrada das mercadorias no entreposto, entrevistas com os comerciantes e conversas informais. O período de coleta dos dados abrangeu os anos de 1991 a 2009, quando foram levantadas informações sobre o volume em toneladas por espécie de peixe, por região brasileira e também dos importados. Além disso, foram considerados neste estudo sua comercialização por espécie e o volume gerado em reais do pescado comercializado referente ao ano de 2009. Os nomes científicos dos peixes comercializados também foram fornecidos pela CEAGESP e confirmado em FishBase4. Resultados e Discussão O pescado comercializado na CEAGESP provém de várias regiões do país (Figura 1), sendo o Sudeste o maior fornecedor com participação de aproximadamente R$58 milhões, provenientes dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, que participaram com 27,64% do total. A região Sul participou com R$42 milhões oriundos dos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, com total de 19,97%; e o Nordeste (Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia e Piauí), próximo a R$16 milhões (7,47%). As regiões Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e Goiás) e Norte (Pará e Amapá) participaram com apenas 0,24% e 0,23%, respectivamente. As transferências (produtos provenientes de empresas que transferem seus produtos entre matrizes e filiais e de outros entrepostos para a CEAGESP) representaram 18,55% e um total de R$39 milhões. Nas notas de transferência existem também produtos importados (25,83%), o que demonstra que há mais pescado importado vendido na CEAGESP do que aqueles catalogados, embora sem a especificação da origem. O pescado oriundo do Estado de São Paulo, em sua maioria, advém das cidades litorâneas como o Guarujá (21,94%), Santos (18,66%) e Cananéia (13,76%), num total de R$28 milhões em 2009. Iguape, Ubatuba, São Sebastião e Bertioga (municípios do litoral), e Arealva, Panorama, Santa Maria da Serra (interior) foram também importantes fornecedores de pescado. Os produtos importados foram originários do Chile, Noruega, Uruguai, Portugal, Argentina e China, e representaram aproximadamente R$54 milhões. Os principais produtos são o salmão (Salmo salar) e o bacalhau (Gadus mohua), oriundos do Chile e da Noruega, e representaram mais de 90% dos produtos importados. Foi encontrada uma grande oferta de pescado de origem marinha e de água doce, desde os mais populares como a pescada, a merluza (Merluccius hubbsi) e a sardinha (Sardinella sp.), e os mais sofisticados como o linguado (Paralichthys sp.), o salmão e o atum (Thunnus sp.), além de mexilhões, camarões, lagostas, ostras e polvos. No ano de 2009, foram comercializadas aproximadamente 105 espécies de pescado, totalizando 43.100 toneladas. Em média, foram comercializadas 176 t/dia, equivalente a um volume financeiro médio diário de R$861.000,00. As espécies mais vendidas, em toneladas, foram: sardinha, pescada (Cynoscion sp.), salmão, corvina (Micropogonias furnieri), cavalinha (Scomber sp.), tilápia (Oreochromis sp.), bacalhau seco, atum e tainha (Mugil sp.), que representaram juntas 67% do volume total comercializado. O consumo de pescado aumentou sensivelmente em março e abril, em decorrência dos feriados da Sexta-Feira Santa e Páscoa, relatado também por Maruyama5, que observou um aumento na produção pesqueira do Médio e Baixo Tietê no mesmo período. Nesta época, o preço do pescado tende a aumentar em virtude da maior procura. O volume de pescado comercializado na CEAGESP (Figura 2) sofreu oscilação no período de 1991 a 2009, apresentando uma tendência de queda ao longo dos anos. Entretanto, deve-se considerar que neste período ocorreu a descentralização na venda do pescado, principalmente em função do crescimento da oferta de produtos perecíveis pelas grandes redes de supermercados, que buscam a mercadoria diretamente no produtor ou pelos outros entrepostos. Figura 1 – Origem do Pescado e Volume Financeiro Comercializado na CEAGESP, 2009. Figura 2 – Volume do Pescado Comercializado na CEAGESP, 1991 a 2009. ______________________ 2COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO - CEAGESP. Planilhas de dados de entrada de notas fiscais. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br>. Acesso em: jan. 2010. 3Op. cit. nota 1. 4FISHBASE. FishBase version (06/2012). Beijing, 2012. Disponível em: <http://www.fishbase.org>. Acesso em: 19 out. 2010. 5MARUYAMA, L. S. A pesca artesanal no médio e baixo Tietê (São Paulo, Brasil): aspectos estruturais, socioeconômicos e de produção pesqueira. São Paulo. 2007. 109 p. Dissertação (Mestrado em Aquicultura e Pesca) - Programa de pós-graduação do Instituto de Pesca, Santos, 2007. Palavras-chave: peixes comercializados, volume financeiro, pescado nacional, pescado importado.
Fonte: CEAGESP/IP.
Fonte: CEAGESP/IP.
1NEIVA, C. R. P. et al. O mercado de pescado da região metropolitana de São Paulo. Santos: FAO/INFOPESCA, 2010. 86p. (Série: O mercado do pescado nas grandes cidades latino-americanas).
Data de Publicação: 25/06/2012
Autor(es):
Marcos Aureliano Silva Cerqueira (cerqueiramarcos@hotmail.com) Consulte outros textos deste autor
Lídia Sumile Maruyama (lidiamaruyama@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor