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Fim do Alimento Barato: ressurreição do fantasma malthusiano ou manifestação do mito do desenvolvimento econômico
RESUMO: Este trabalho analisa a questão dos preços dos
alimentos no processo de desenvolvimento da agropecuária brasileira. Nos anos de
1960 a carestia dos alimentos esteve associada a problemas estruturais derivados
da não realização da reforma agrária nas transformações do campo brasileiro. A
modernização agropecuária com o crédito rural subsidiado, posterior à metade da
década de 1960, reduziu os reclamos sociais pelos preços dos alimentos. A crise
do padrão de financiamento via dívida pública no final dos anos de 1970 foi seguida de nova
crise de carestia nos anos de 1980, quando tomou força a dicotomia entre
exportáveis e domésticos. Também a partir dessa década em diante ocorreram
mudanças estruturais expressivas no fluxo produção-consumo, incorporando
praticamente todas as atividades agropecuárias e regiões. Com isso,
internaliza-se a queda expressiva dos preços internacionais de alimentos com
baixa significativa dos dispêndios das famílias paulistanas na aquisição da
cesta de alimentos. Desde 2006, entretanto, os preços dos alimentos revertem a
tendência de queda, suscitando a conclusão de que o ciclo do alimento barato
teria chegado ao fim. O crescimento dos países emergentes e os processos de
inclusão social como o brasileiro constituem o elemento detonador desse
movimento altista, sem que isso se configure como ressureição do fantasma
malthusiano, dada a redução do crescimento populacional com o desenvolvimento
econômico. Mas, para os excluídos e os de baixa renda, esse aumento pode ter
efeitos dramáticos, colocando em risco o próprio movimento de incorporação
social. Está presente a advertência do mito do desenvolvimento econômico
facultado a todos. Palavras-chaves: preços agropecuários,
desenvolvimento econômico, modernização agropecuária, mudanças
estruturais.
Data de Publicação: 27/04/2012
Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor