Defensivos Agrícolas: desempenho recorde em 2010 e expectativas de aumento nas vendas em 2011

 

 



            Em 2010, as quantidades totais vendidas de defensivos agrícolas no Brasil mostraram expansão quando comparadas com as do ano anterior. Verificou-se que, em termos de produto comercial, foi comercializada a quantidade recorde de 790.790 t (acréscimo de 9,0% em relação a 2009), correspondendo a 342.593 t de princípio ativo (incremento de 2,0%, no período), de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG) (Figura 1).
 
 

Figura 1 - Quantidade Vendida de Defensivos Agrícolas, em Produto Comercial e Ingrediente Ativo, Brasil, 2004 a 2010


Fonte: Elaborada pelos autores com base em: SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA DEFESA AGRÍCOLA – SINDAG. Dados básicos. São Paulo: SINDAG, 2011.
 
 

            Comparativamente com o ano anterior, esse aumento na comercialização em 2010 resultou de melhores vendas para as diversas culturas como algodão, com acréscimo de 38,0% em quantidade de produto comercial. Outros produtos que também tiveram aumento da demanda de defensivos agrícolas foram: soja (3,5%), pastagem (68,4%), batata inglesa (55,1%), cana-de-açúcar (27,1%), café (25,1%), feijão (7,9%), milho safrinha (18,4%) e arroz irrigado (3,8%). Em contrapartida, registraram decréscimo nas vendas: reflorestamento (48,9%), tomate envarado (16,1%), maçã (9,3%) e milho safra (2,0%).
 

            A classe de defensivos que apresentou melhor desempenho comercial foi a dos fungicidas, cujas vendas em 2010 aumentaram, em quantidade de produto comercial, 52,4% (em relação a 2009). As vendas desse tipo de insumos destinados à cultura da soja foram as que mais se destacaram (acréscimo de 76,5%), empregados em parte para combater a ferrugem asiática. Cresceram, também, as vendas de inseticidas (16,4%) e de "outros" (18,8%), enquanto as de herbicidas apresentaram retração de 3,4%, em função, principalmente, da queda para a cultura da soja. A classe dos herbicidas também apresentou queda nas importações de cerca de 9%, no período, em razão dos estoques remanescentes desse produto (inclusive nas propriedades) formados ao longo de 2009.
 

            As vendas brasileiras em dólar americano contabilizaram US$7,304 bilhões em 2010 contra U$6,626 bilhões em 2009, com acréscimo de 10,2%. Porém, se transformadas em valores de reais, as vendas do setor apresentaram em 2010 retração de 3% em relação a 2009, em função da queda das taxas cambiais. Estima-se, considerando o câmbio médio, que o setor faturou R$12,4 bilhões em 2010 contra R$12,8 bilhões no ano precedente1.
 

            No Brasil, a classe de herbicidas é a que tem respondido pelo maior valor das vendas de defensivos. Em 2010, foi responsável por 33,2% do faturamento total, ou seja, US$2,43 bilhões, enquanto os herbicidas, em quantidade de produto comercial, representaram 415.171 t (52,5%). As vendas de herbicidas foram voltadas, principalmente, para soja (34,6% do valor total de herbicidas), cana-de-açúcar, milho safra e safrinha, algodão, café, arroz de sequeiro e pastagem (Figura 2).
 

            Em 2010, os inseticidas movimentaram US$2,36 bilhões, ou seja, 32,4% do faturamento total do setor, e responderam por 20,3% da quantidade total vendida em produto comercial, que se destinaram principalmente para a soja, algodão, cana-de-açúcar, milho primeira e segunda safra, café e citros. Do total de 160.593 t vendidas de inseticidas em produto comercial, 92,0% foram destinadas para aplicação foliar, 3,9% para tratamento de sementes e 4,1% como formicidas.
 

            A comercialização de fungicidas, em 2010, movimentou US$2,13 bilhões no Brasil, o que correspondeu a 136.972 t de produto comercial e 55.583 t de ingrediente ativo. As culturas que mais consumiram fungicidas foram: soja, café, batata-inglesa, citros, feijão, algodão e milho safrinha.
 
 

Figura 2 - Participação das Classes na Quantidade Vendida de Defensivos Agrícolas, em Produto Comercial, Brasil, 2010
 

Fonte: Elaborada pelos autores com base em: SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA DEFESA AGRÍCOLA – SINDAG. Dados básicos. São Paulo: SINDAG, 2011.
 
 

            Os acaricidas, em 2010, foram responsáveis por 1,5% do faturamento total do setor. O consumo de acaricidas no Brasil está concentrado quase na sua totalidade em São Paulo. Em 2010, o mercado paulista representou 80,5% das vendas brasileiras em quantidade de produto comercial e 71,1% do faturamento dessa classe. Isso pode ser explicado pelo fato de a citricultura ser responsável por 76,7% do valor comercializado de acaricidas e em São Paulo deter a maior área colhida com laranja no País.
 

            A soja é a principal consumidora de defensivos no Brasil, sendo responsável, em 2010, por 44,1% do valor total das vendas. Em seguida aparecem o algodão (10,6%), a cana-de-açúcar (9,6%), o milho safra (5,0%), o milho safrinha (4,3%), o café (3,8%), os citros (3,1%) e o feijão (2,7%). Esse conjunto de culturas soma 83,2% do valor comercializado nesse ano.
 

            No exame do comportamento das vendas, em termos de valor, por unidade da Federação, Mato Grosso se destacou como o maior Estado consumidor em 2010, representando 20,4%, ou seja, US$1,49 bilhão (correspondendo a 21,9% em termos de produto comercial). Em seguida aparecem: São Paulo (15,3%), Paraná (12,1%), Rio Grande do Sul (10,2%), Goiás (10,2%), Minas Gerais (8,5%), Bahia (7,6%) e Mato Grosso do Sul (4,7%). As demais unidades da Federação, juntas, responderam por 11,0% do valor total.
 

            As importações brasileiras de defensivos agrícolas em 2010 foram praticamente iguais a 2009, segundo o SINDAG (próximas das 232 mil t de produtos técnicos e produtos formulados). No referido período, constatou-se que houve aumento nas importações nas classes dos fungicidas, seguidas pelos inseticidas e acaricidas. A China foi o principal exportador para o Brasil com participação de 20%, seguida pelos Estados Unidos e Argentina, com participação de 19%2.
 

            No Brasil, nos cinco primeiros meses de 2011, estima-se que as vendas de defensivos agrícolas totalizaram R$2.747 milhões, ou seja, aumento de 7% em relação ao mesmo período de 2010, impulsionadas principalmente pelas culturas de algodão, cana-
-de-açúcar, milho, trigo e pastagem.
 

            A classe dos inseticidas, no período de janeiro a maio de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, foi a que mais cresceu (32,0%), totalizando R$920 milhões, graças ao crescimento nos mercados de algodão, soja, cana-de-açúcar, café e milho. Os herbicidas, cujas vendas perfizeram R$988 milhões, apresentaram incremento de apenas 1% no referido período, tendo em vista o acréscimo nos mercados de cana-de-açúcar, pastagem e algodão, apesar de queda nas vendas de milho, arroz, frutas e fumo.
 

            No caso dos fungicidas, as vendas brasileiras mostraram retração de 11,0% nos cinco primeiros meses de 2011, as quais somaram R$623 milhões. Esse fato é explicado principalmente pela queda nas vendas para soja, milho e batata, apesar do crescimento para o trigo, feijão e algodão.
 

            A queda dos preços dos defensivos agrícolas e o aumento nos preços recebidos de vários produtos agrícolas têm contribuído para o bom desempenho do setor de defensivos nos primeiros quatro meses de 2011.
 

            De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)3 nas principais regiões produtoras da agricultura paulista, em abril de 2011, a maioria dos defensivos agrícolas apresentou decréscimo nos preços quando comparada com o mesmo mês do ano precedente. Esse comportamento foi verificado para as classes: herbicidas, inseticidas, acaricidas e fungicidas. De um total de 121 produtos pesquisados, em valores correntes, 96 produtos (79,3%) registraram decréscimo nos preços entre 0,3% e 37,7%, e 25 tiveram acréscimo entre 0,3% e 15,0%.
 

            Por sua vez, em valores reais corrigidos pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV)4, observou-se que 118 produtos variaram negativamente, entre 2,0% e 43,8%, enquanto 3 produtos apresentaram aumento entre o mínimo de 2,0% e o máximo de 3,8%. Portanto, quase a totalidade (97,5%) apresentou queda nos preços, em termos corrigidos, no mencionado período.
 

            Na análise das relações de troca constatou-se que, em abril de 2011, as culturas analisadas (algodão, café, cana-de-açúcar, laranja para indústria, milho e soja), com exceção do feijão, apresentaram relações de troca mais favoráveis, quando comparadas com abril de 2010, ou seja, ganho do poder aquisitivo dos produtores paulistas para compra da cesta de defensivos. Isso é reflexo, principalmente, do aumento nos preços recebidos pelos agricultores, aliado ao decréscimo dos valores das cestas dos defensivos agrícolas.
 

            A estimativa da indústria de defensivos agrícolas é de que em 2011 as vendas tenham um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, alcançando US$8 bilhões. Os fatores que motivam tal otimismo são: maior investimento em tecnologia nas lavouras; antecipação de compra nos canais de distribuição; colheita de safra recorde (2010/2011); e as boas cotações de várias commodities. Para a safra 2011/12, existem expectativas de aumento de demanda em diversas culturas como: algodão, trigo, pastagem e café. Também, espera-se acréscimo cana-de-açúcar, tendo em vista os recentes investimentos do segmento na produção de etanol e de açúcar, em função das cotações favoráveis.
 

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1INÁCIO, A. Venda de defensivos bate recorde no Brasil. Jornal Valor Econômico, São Paulo, 17 fev. 2011. Caderno B, p. 12

2IMPORTAÇÕES de defensivos agrícolas- 2010. Jornal Mundo Rural Online, São Paulo, 14 mar. 2011. Disponível em: <http://jornalmundorural.com.br/artigos/artigosgeral.php?subaction=showfull&id=
1300113562&archive=&start_from=&ucat=1&>. Acesso em: 07 jul. 2011.

3INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados: relação de troca entre defensivos e produtos agrícolas. São Paulo: IEA, 2011. Disponível em <http://ciagri.iea.sp.gov.br/bancoiea/RelaTroca.aspx>. Acesso em: 07 jul. 2011.

4FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – FGV. Instituto Brasileiro de Economia. Índices gerais de preços. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, 2011. Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B6B6420E96>. Acesso em: 07 jul. 2011.
 
 

Palavras-chave: mercado de defensivos, indústria de defensivos.

 

 

Data de Publicação: 01/08/2011

Autor(es): Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria de Lourdes Barros Camargo (mlcamargo@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor