Balança Comercial dos Agronegócios Paulistas e Brasileiros de Janeiro a Julho de 2009

            De janeiro a julho de 2009, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 22,96 bilhões (27,3% do total nacional), e as importações2, US$26,95 bilhões (40,1% do total nacional), registrando um déficit de US$3,99 bilhões. Em relação aos primeiros sete meses de 2008, o valor das exportações paulistas diminuiu 30,1% e o das importações, 26,7%, com significativa elevação do déficit comercial (+2,6%) (Figura 1). A redução das exportações paulistas (-30,1%), comparando-se os primeiros sete meses de 2009 com os de 2008, ficou acima da média brasileira (-24,3%), enquanto que nas importações, a queda foi maior no Brasil (-30,3%) do que em São Paulo (-26,7%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve aumento do déficit enquanto que a brasileira apresentou elevação do superávit. Em linhas gerais, trata-se da manifestação da realidade da crise econômica mundial mais pronunciada sobre economias industriais, além de que todos os indicadores de comércio exterior apresentam recuos expressivos.

Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os agronegócios paulistas também apresentaram exportações decrescentes (-9,4%), atingindo US$8,56 bilhões, conquanto as importações tenham mostrado maior diminuição (-22,4%), somando US$3,25 bilhões. Assim houve aumento de 1,0% no saldo comercial em relação a janeiro-julho de 2008, atingindo US$5,31 bilhões3 (Figura 2). Há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$23,70 bilhões para exportações de US$14,40 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$ 9,30 bilhões. Assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi superior devido ao desempenho dos agronegócios estaduais, cujos saldos se mantiveram positivos.

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios Estado de São Paulo, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado cresceu 8,5 pontos percentuais, enquanto a participação das importações aumentou apenas 0,7 ponto na comparação dos primeiros sete meses de 2008 com os de 2009 (Figura 3). Isso revela a intensidade dos impactos da crise econômica sobre a indústria paulista.

Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A balança comercial brasileira registrou superávit de US$16,89 bilhões de janeiro a julho de 2009, com exportações de US$84,09 bilhões e importações de US$67,20 bilhões. Esse aumento do saldo comercial (+15,4%) aconteceu em função de queda das exportações (-24,3%) menor do que a diminuição das importações (-30,3%) (Figura 4). Nestes termos, a desvalorização da moeda nacional em decorrência da crise econômica reduziu aquisições externas em maior proporção que as vendas para o exterior, estas últimas afetadas pela redução da demanda internacional, além das dificuldades de financiamento do comércio internacional.

Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            De janeiro a julho de 2009, as exportações dos agronegócios brasileiros recuaram 11,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$39,20 bilhões (46,6% do total). Já as importações do setor diminuíram 34,0%, também em comparação com os primeiros sete meses de 2008, somando US$9,67 bilhões (14,4% do total). O superávit dos agronegócios de janeiro a julho de 2009 foi de US$29,53 bilhões4, 0,1 superior ao do mesmo período do ano anterior (Figura 5). Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com importações de US$ 57,53 bilhões e exportações de US$ 44,89 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 12,64 bilhões.

Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            As participações dos agronegócios nos totais do País cresceram em termos das exportações (+6,8 pontos percentuais) e recuaram em relação às importações (-0,8 ponto percentual) (Figura 6). Isso revela a elevada capacidade dos agronegócios brasileiros em enfrentar os desafios derivados dos movimentos da crise internacional.

            A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-2,3 pontos percentuais) mas aumentou no tocante às importações (+2,0 pontos percentuais) (Figura 7).

Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
 

Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Janeiro a Julho de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo de janeiro a julho de 2009 representaram 21,8%, ou seja, 0,4 ponto percentual a mais que no mesmo período de 2008, enquanto as importações representaram 33,6%, sendo 5,0 pontos percentuais superiores à verificada no ano anterior (Figura 8).

Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Janeiro a Julho de 2008 e 2009.

 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
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1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$6,01 bilhões.

4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$32,33 bilhões.

Palavras-chave: agronegócios, balança comercial, exportações, importações.

Data de Publicação: 14/08/2009

Autor(es): Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor
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