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Amostragem probabilística e imagens de satélite para estimativa de área de citros - Vagner Azarias Martins
RESUMO A atividade citrícola no Estado de São Paulo tem grande relevância econômica e
é responsável por aproximadamente 60% da
produção mundial de suco de laranja. Apesar disso, ainda não dispõe de um sistema objetivo de acompanhamento de sua
área plantada sustentado em sólidos pilares de
informação estatística e preceitos probabilísticos. Este presente estudo objetivou propor um método de
estimativa de área plantada com citros através
de um delineamento amostral estratificado probabilístico em multiestágios, o qual foi testado nas principais regiões
produtoras do Estado de São Paulo. A
metodologia deste trabalho foi dividida em três etapas: i) Preparação dos
dados: consistiu do pré-processamento das
imagens de satélites; da definição das áreas amostrais, não amostrais, área de referência de citros e área de
controle. ii) Estratificação e definição do
segmento: A estratificação da área de estudo foi realizada em dois estágios. No primeiro, analisaram-se dados de área
de citros de uma série temporal de 1998 a 2007
para definir as regiões administrativas (RAs) que compuseram a área de estudo e, no segundo, a estratificação da área de
estudo foi realizada através de um indicador de
densidade de área. Nesta etapa, também foi definido o tamanho do segmento regular por meio da simulação de Monte Carlo das
estimativas dos totais regionais provenientes
de um estudo piloto. iii) Estimativas e inferências: Nesta etapa foi definido o tamanho amostral para as áreas de referência
e de controle e realizado o sorteio das
amostras. Em cada segmento (unidade amostral) sorteado foi realizado o
mapeamento da área de citros. Os resultados
da interpretação de citros nos segmentos amostrados foram utilizados no estimador de expansão direta para a área
de citros na região estudada. Por fim, foram
calculados intervalos de confiança para o total estimado e o efeito do planejamento amostral. A área estimada com
citros foi 527 mil hectares. Com base nos
objetivos propostos, pode-se concluir que a metodologia apresentada por
este trabalho permitiu reduzir a variabilidade
das estimativas em torno de 80% em relação a um
modelo de amostragem aleatória simples (ASS); com a divisão da área de
estudo em amostral e não amostral foi possível
atenuar a heterogeneidade da área de estudo;
com base nos resultados da simulação de Monte Carlo estabeleceu-se que o
melhor tamanho de segmento para estimar a área
de citros é de 25 ha; o tamanho ideal da
amostra foi calculado em função de estimativs piloto e um coeficiente de
variação de 5%, porém, uma simulação de Monte
Carlo com 10.000 sorteios aleatórios de diferentes tamanhos amostrais demonstrou a necessidade de aumento do
número de amostras; o procedimento para obter a
área de citros nos segmentos amostrados através da interpretação de imagens TM/Landsat-5 restauradas com pixels de 10m,
mostrou ser de grande valia, pois, reduziu a
visita ao campo. Com isto o processo de obtenção dos dados para estimativa da área de citros torna-se mais ágil e menos
oneroso.