Viabilidade econômica da cultura do urucum: uma primeira abordagem

RESUMO: Tendo em vista a crescente importância da cultura do urucum como mais uma atividade econômica para a agricultura paulista e a escassez de informações sobre o assunto, o presente trabalho teve como objetivo colocar à disposição do público informações econômicas sobre seu cultivo, bem como alguns parâmetros que pudessem nortear a implementação e condução da lavoura. Foram selecionados dois sistemas de cultivo mais representativos da região de São José do Rio Preto, para os quais se construiu matrizes de coeficientes técnicos e se elaborou os custos de formação e produção, assim como se estimou os resultados econômicos para três níveis de preços – US$0,30, US$0,50 e US$O,7O por quilo de produto. Foram calculadas ainda taxas internas de retorno dos investimentos. Embora sejam necessários três anos para a formação da cultura, a produção dos 2o. e 3o. anos propiciam receitas passíveis de reduzir significativamente o custo de implantação. Os resultados obtidos nas duas propriedades estudadas, em particular, indicam que para produtividade de 3600 quilos por alqueire (alqueire paulista - 24.200m2) (caso 1) e 3.000 quilos por alqueire (caso 2) os custos de formação da cultura atingem US$2.087,93 e  US$2.564,19 por alqueire, respectivamente. O ítem que mais onera o custo da cultura é o de operação de máquinas, em torno de 60%. Tais custos se reduzem ao serem consideradas as receitas provenientes da venda da produção dos 2o. e 3o. anos, variáveis conforme o nível de preço alcançado pelo produto. Para preço de US$0,30 por quilo do produto, as receitas líquidas calculadas para um horizonte de tempo de 20 anos foram negativas para ambos os casos. As taxas de retorno dos investimentos (UR) também foram negativas. Já para preço de US$0,50 por quilo do produto, o resultado econômico para o caso 1 foi de US$741,28 por alqueire e para o caso 2, de US$304,27 por alqueire, enquanto que as taxas de retorno dos investimentos alcançaram 61,54% e 19,90%, respectivamente. Em situação de preço superior a esse nível, os custos de formação da cultura são superados já no 3o. ano, sendo que as TIRs calculadas para ambos os casos se mostram bastante atrativas, considerada uma vida útil de 20 anos. Como determinante da viabilidade econômica pode-se considerar além dos aspectos de receita líquida, a utilização de sementes de qualidade (teor de bixina acima de 3,0%) e localização próxima à indústria processadora.

Data de Publicação: 02/01/1991

Autor(es): Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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