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Instalação Da Câmara Setorial De Agricultura Ecológica
O
coordenador da CATI, Antonio Carlos de Sousa, falou da importância desta nova
Câmara Setorial e enfatizou que a Agricultura Ecológica é aquela realizada com
tecnologia que trabalha com a natureza e não contra ela.
O secretário Adjunto, Lourival Carmo Mônaco, falou sobre as câmaras setoriais
dos demais produtos, a forma de trabalho e o objetivo de constituir fórum de
discussões sobre os problemas do setor e dos diversos segmentos das cadeias
produtivas. Em relação à instalação da Câmara Setorial, ressaltou que todas as
atividades da SAA levam em conta as questões ecológicas e o fato de que não é
possível praticar uma agricultura que não seja ecológica. As tecnologias
alternativas, em particular a agricultura orgânica, têm outras especificidades,
para as quais se está criando a Câmara Setorial de Agricultura Ecológica.
O ex-secretário de Agricultura Walter Lazzarini Filho fez um breve histórico do
surgimento da idéia, das ações e das lutas desenvolvidas por um grupo de pessoas
na Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEAESP) visando
ao estabelecimento de um sistema de produção que respeitasse o meio ambiente.
Lembrou que, para isso, propunha que não se utilizasse mais agrotóxicos e adubos
químicos. Narrou como essas idéias sofreram pesadas críticas na época por parte
das empresas produtoras desses insumos e por segmentos da classe agronômica que
se encontravam convencidos de que a produção agrícola só seria possível com a
utilização desses insumos. Destacou o fato de que essas idéias deram certo, ao
ponto de se chegar à presente situação de perspectivas altamente favoráveis ao
seu desenvolvimento no Estado de São Paulo, no País e no mundo, o que é
comprovado pelo potencial de mercado.
Falando em nome do Fórum das ONGs certificadoras de Agricultura Orgânica, José
Pedro Santiago identificou quatro importantes questões para serem tratadas nas
reuniões da Câmara Setorial:
A definição de Agricultura Ecológica apresentada pelo secretário Adjunto - como
aquela que é praticada em todo o Estado, pois é sempre necessário ter
preocupação com a natureza - levou os presentes a deslocarem o eixo das
discussões para a denominação 'orgânica' ou 'ecológica'.
A denominação de Agricultura Ecológica, porém, havia sido definida em reunião anterior solicitada e organizada pelo Fórum das ONGs com a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (CODEAGRO). Estavam presentes, naquela oportunidade, diversos representantes dos elos certificados da cadeia, as certificadoras, a Comissão Técnica de Agricultura Ecológica da SAA e o Colegiado Estadual de Certificadoras Orgânicas, criado com base na Instrução Normativa n.7 do Ministério da Agricultura. A denominação de Agricultura Ecológica foi proposta para que pudesse reunir nesta Câmara Setorial os diversos movimentos sociais de regulação de mercado, entre eles a certificação sócio-ambiental e o fair trade. Além disso, a Comissão Técnica da SAA já
debateu amplamente a sua denominação e optou por 'ecológica' por considerá-la
mais ampla e mais adequada para estimular o envolvimento de pesquisadores e
técnicos da própria Secretaria e das Universidades.
Os que defendiam a definição de orgânica o faziam principalmente em função do
conceito já poder ser considerado uma 'marca' e, portanto, ser de significado
menos controverso. Além disso, entre os mercados regulados, é o que apresenta
estrutura de cadeia produtiva mais desenvolvida.
O consenso foi de que a discussão era de menor importância, frente à grande
contribuição que a criação da Câmara Setorial significa para o movimento dos
mercados regulados e, particularmente, para o orgânico. Colocou-se em votação e
a denominação de Agricultura Ecológica ganhou por ampla maioria.
Foi lida a lista de indicação dos nomes que deveriam compor a Câmara Setorial e
foi solicitado que os presentes fizessem novas indicações que considerassem
necessárias. A CODEAGRO vai analisar as sugestões para garantir
representatividade da diversidade sócio-econômica-cultural dos elos, das
certificadoras e dos diversos produtos importantes do setor. O número de
representantes deve ficar em torno de 35 a 45, além de convidados para reuniões
específicas, sempre que o tema exigir essa participação.
A CODEAGRO deverá enviar a lista de representantes a todos os que participaram
das duas reuniões de formação da Câmara Setorial de Agricultura Ecológica, para
definir o quadro de componentes, assim como encaminhar a Resolução de sua
criação. Simultaneamente, espera-se que todos façam indicações de nomes a serem
considerados para a presidência, que será eleita na primeira reunião. O
engenheiro agrônomo Maximiliano Miura, da CODEAGRO, foi designado como
secretário executivo da Câmara Setorial.
A reunião de instalação foi muito produtiva, demonstrando a coesão e a
organização do setor, baseadas no ideário comum que transcende diferenças
tecnológicas e que, acima de tudo, questiona a organização da sociedade e de sua
interação com o ambiente natural exclusivamente por meio do mercado. Por outro
lado, a SAA demonstrou que está aberta para atender às demandas da sociedade, em
particular dos segmentos organizados que têm um compromisso com a qualidade de
vida do consumidor, do trabalhador e do ambiente rural. Sinaliza, assim, as
profundas transformações por que vem passando no sentido de criar as condições
necessárias para o diálogo que poderá fortalecer as relações entre os agentes e
definir apropriadamente o papel regulamentador do Estado.
Também participaram da Câmara Setorial o coordenador da CODEAGRO, Francisco Botelho Mendonça; Nelson Pedro Staudt, que presidiu
a cerimônia; o chefe da Assessoria Técnica do Gabinete da SAA, Ricardo Pereira
Lima Carvalho; e a presidente da Comissão Técnica de Agricultura Ecológica, Yara
M. Chagas de Carvalho.
Data de Publicação: 25/10/2000
Autor(es):
Yara Maria Chagas de Carvalho Consulte outros textos deste autor
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