Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de Janeiro a Setembro de 2008

            De Janeiro a Setembro de 2008, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$43,82 bilhões (29,0% do total nacional), e as importações2, US$49,96 bilhões (38,1% do total nacional), registrando déficit de US$6,14 bilhões. Em relação ao período de Janeiro a Setembro de 2007, o valor das exportações paulistas aumentou 15,9% e o das importações, 44,2%, produzindo a reversão do saldo comercial de positivo para negativo (Figura 1). O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+15,9%), comparando-se o conjunto dos primeiros nove meses de 2007 e de 2008, ficou abaixo da média brasileira (+29,4%). Nas importações também ocorreu menor incremento em São Paulo (+44,2%) do que no Brasil (+53,2%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve expressiva queda (-293,7%), enquanto o da brasileira apresentou menor redução (-36,5%) ainda que também expressiva.

Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os agronegócios paulistas, depois de longo período de elevação nos saldos comerciais, apresentaram exportações crescentes (9,7%), atingindo US$12,79 bilhões, enquanto as importações aumentaram 44,9%, somando cerca de US$5,71 bilhões, com saldo de US$7,08 bilhões que, embora positivo, foi 8,3% menor do que o de Janeiro a Setembro de 2007 (Figura 2). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$44,25 bilhões para exportações de US$31,03 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$13,22 bilhões de Janeiro a Setembro de 2008. Assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista seria muito maior não fosse o desempenho dos agronegócios estaduais.

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado reduziu-se em 1,6 ponto percentual, enquanto a participação das importações se manteve, na comparação dos primeiros nove meses de 2007 e 2008 (Figura 3).

Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A balança comercial brasileira registrou superávit de US$19,64 bilhões de Janeiro a Setembro de 2008, com exportações de US$150,86 bilhões e importações de US$131,22 bilhões. Esse superávit, 36,5% menor do que o do mesmo período em 2007, aconteceu em função de aumento nas exportações (+29,4%) inferior ao das importações (+53,2%) (Figura 4).

Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Setembro de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Nos nove primeiros meses de 2008, as exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 29,6% em relação ao ano anterior, atingindo US$58,66 bilhões (38,9% do total). Já as importações do setor aumentaram 66,3%, também em comparação com janeiro a junho de 2007, somando US$20,09 bilhões (15,3% do total). O superávit dos agronegócios de Janeiro a Setembro de 2008 foi de US$38,57 bilhões4, 16,2% superior ao do mesmo período do ano anterior (Figura 5). Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com exportações de US$ 92,20 bilhões e importações de US$ 111,13 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 18,93 bilhões.

Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

As participações dos agronegócios nos totais do País praticamente se mantiveram em termos das exportações (+0,1 ponto percentual) e cresceram nas importações (+1,3 ponto percentual) (Figura 6).

A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-3,4 pontos percentuais) e também diminuiu no tocante às importações (-2,4 pontos percentuais) (Figura 7).

Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.


Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo nos primeiros nove meses de 2008 representaram 21,8%, ou seja, 4,0 pontos percentuais a menos que no mesmo período de 2007, enquanto as importações representaram 28,4%, sendo 4,2 pontos percentuais inferiores à verificada no ano anterior (Figura 8).

Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios paulistas, de Janeiro a Setembro de 2008, foram: cana e sacarídeas (US$ 3,67 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 2,62 bilhões), frutas (US$ 1,57 bilhão), produtos florestais (US$ 1,49 bilhão) e cereais/leguminosas/oleaginosas US$ 778,04 milhões), que juntos perfizeram 79,2% das exportações setoriais paulistas (tabela 1).
 

TABELA 1. Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2008.
Grupo de Mercadorias
(mil US$)
%
cana e sacarídeas
3.673.735
28,71
bovídeos - bovinos 
2.616.044
20,45
Frutas
1.574.617
12,31
produtos florestais
1.485.141
11,61
cereais/leguminosas/oleaginosas
778.037
6,08
bens de capital / insumos
751.027
5,87
agronegócios especiais
652.335
5,10
café e estimulantes
532.251
4,16
suínos e aves
447.769
3,50
Têxteis
233.361
1,82
flores e ornamentais
23.398
0,18
Olerícolas
14.392
0,11
Pescado
10.808
0,08
Fumo
1.958
0,02
Agronegócios
12.794.873
100,00

Fonte: IEA/APTA/SAA-SP, a partir dos dados básicos da SECEX/MDIC



        Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais/leguminosas/oleaginosas (US$ 17,26 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 7,79 bilhões), produtos florestais (US$7,45 bilhões), suínos e aves (US$6,66 bilhões) e cana e sacarídeas (US$5,48 bilhões), que totalizam 76,1% das vendas externas dos agronegócios (Tabela 2).
 

TABELA 2. Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Brasil, Janeiro a Setembro de 2008.
Grupo de mercadorias
(mil US$)
%
cereais/leguminosas/oleaginosas
17.259.565
29,42
bovídeos - bovinos 
7.788.402
13,28
produtos florestais
7.453.335
12,71
suínos e aves
6.662.448
11,36
cana e sacarídeas
5.481.127
9,34
café e estimulantes
3.663.083
6,24
Frutas
2.290.006
3,90
bens de capital / insumos
2.445.175
4,17
Fumo
2.010.899
3,43
agronegócios especiais
1.876.400
3,20
Têxteis
1.331.063
2,27
Pescado
221.885
0,38
Olerícolas
142.972
0,24
flores e ornamentais
33.893
0,06
Agronegócios
58.660.253
100,00

Fonte: IEA/APTA/SAA-SP, a partir dos dados básicos da SECEX/MDIC

            A quantidade exportada de produtos dos agronegócios brasileiros reduziu-se em 0,3% de Janeiro a Setembro de 2008, quando comparada com a do mesmo período de 2007, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve queda ainda maior, de 7,5%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios subiram 30,1% em nível nacional e 18,6% no âmbito de São Paulo (Tabela 3).
 

TABELA 3. Variações Percentuais dos Índices de Quantidade e de Preço das Exportações de Produtos dos Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2008(1).
Setor
Brasil
São Paulo
Quantidade
Preço
Quantidade
Preço
Agronegócios
-0,3
30,1
-7,5
18,6
Agronegócios exc. Bens de capital/insumos
-1,1
30,3
-8,7
18,6
(1) Variações em relação a igual período do ano anterior, baseadas em índices calculados pela fórmula de Fisher.

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Cerca de 46,6% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios de Janeiro a Setembro de 2008 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) e 53,4% a produtos básicos. No Estado de São Paulo, os produtos básicos representam apenas 22,7% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (77,3%), evidenciando índices superiores de agregação de valor em São Paulo (Tabela 4).
 

TABELA 4. Exportações dos Agronegócios por Fator Agregado, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2008.
Fator Agregado
Brasil
São Paulo
SP/BR
(Produtos)
US$ mil
%
 
US$ mil
%
 
%
Produtos Básicos
31.322.971
53,40
2.902.415
22,68
9,27
Produtos Semimanufaturados
9.717.040
16,56
2.425.846
18,96
24,96
Produtos Manufaturados
17.620.242
30,04
 
7.466.612
58,36
42,38
Agronegócios
58.660.253
100,00
12.794.873
100,00
21,81

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

        Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de Janeiro a Setembro de 2008, representando 60,8% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo tem participação (51,0% do valor total) pouco superior ao de bens de consumo (44,8%)(Tabela 5).
 

TABELA 5. Exportações dos Agronegócios por Categoria de Uso, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2008.
Categorias de Uso Brasil   São Paulo   SP/BR
US$ mil
%
US$ mil
%
%
Bens de capital
1.822.060
3,11
544.881
4,26
29,90
Bens de consumo 
21.170.575
36,09
5.725.998
44,75
27,05
Matérias-primas e produtos intermediários
35.667.618
60,80
 
6.523.994
50,99
 
18,29
Agronegócios
58.660.253
100
 
12.794.873
100
 
21,81

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

___________________________________________________________________
1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$8,5 bilhões.

4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$46,5 bilhões.

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.

 

Data de Publicação: 16/10/2008

Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor