Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro no Primeiro Semestre de 2008

            De janeiro a junho de 2008, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$27,34 bilhões (30,2% do total nacional), e as importações2, US$30,16 bilhões (38,0% do total nacional), registrando déficit de US$2,82 bilhões. Em relação ao período de janeiro a junho de 2007, o valor das exportações paulistas aumentou 13,3% e o das importações, 38,5%, produzindo a reversão do saldo comercial de positivo para negativo (Figura 1). O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+13,3%), comparando-se o conjunto dos primeiros seis meses de 2007 e de 2008, ficou abaixo da média brasileira (+23,8%). Nas importações também ocorreu menor incremento em São Paulo (+38,5%) do que no Brasil (+50,6%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve expressiva queda (-219,0%), enquanto o da brasileira apresentou menor redução (-44,9%) ainda que também expressiva.

Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os agronegócios paulistas, depois de longo período de elevação nos saldos comerciais, apresentaram exportações crescentes (3,4%), atingindo US$7,69 bilhões, enquanto as importações aumentaram 40,5%, somando cerca de US$3,47 bilhões, com saldo de US$4,22 bilhões, ainda positivo, mas 15,1% menor do que o de janeiro a junho de 2007 (Figura 2). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$26,69 bilhões para exportações de US$19,65 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$7,04 bilhões de janeiro a junho de 2008. Assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista seria muito maior não fosse o desempenho dos agronegócios estaduais.

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado reduziu-se em expressivos 2,7 pontos percentuais, enquanto a participação das importações aumentou 0,2 ponto percentual, na comparação dos primeiros seis meses de 2007 e 2008 (Figura 3).

Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A balança comercial brasileira registrou superávit de US$11,34 bilhões de janeiro a junho de 2008, com exportações de US$90,64 bilhões e importações de US$79,30 bilhões. Esse superávit, 44,9% menor do que o do mesmo período em 2007, aconteceu em função de aumento nas exportações (+23,8%) inferior ao das importações (+50,6%) (Figura 4).

Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Nos seis primeiros meses de 2008, as exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 26,9% em relação ao ano anterior, atingindo US$35,79 bilhões (39,5% do total). Já as importações do setor aumentaram 61,8%, também em comparação com janeiro a junho de 2007, somando US$11,83 bilhões (14,9% do total). O superávit dos agronegócios de janeiro a junho de 2008 foi de US$23,96 bilhões4, 14,7% superior ao do mesmo período do ano anterior (Figura 5). Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com exportações de US$ 54,85 bilhões e importações de US$ 67,47 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 12,62 bilhões.
 

Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            As participações dos agronegócios nos totais do País cresceram tanto em termos das exportações (+1,0 ponto percentual) como das importações (+1,0 ponto percentual) (Figura 6).

            A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-2,8 ponto percentual) e também diminuiu, de forma ainda mais expressiva, no tocante às importações (-3,4 pontos percentuais) (Figura 7).

Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo nos primeiros seis meses de 2008 representaram 21,5%, ou seja, 4,9 pontos percentuais a menos que no mesmo período de 2007, enquanto as importações representaram 29,3%, sendo 4,5 pontos percentuais inferiores à verificada no ano anterior (Figura 8).

Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Janeiro a junho de 2007 e 2008.

 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios paulistas, de janeiro a junho de 2008, foram: cana e sacarídeas (US$ 2,95 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 1,63 bilhão), frutas (US$ 1,05 bilhão), produtos florestais (US$ 971,30 milhões) e cereais/leguminosas/oleaginosas US$ 549,71 milhões), que juntos perfizeram 93,12% das exportações setoriais paulistas (tabela 1).
 

TABELA 1. Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2008.
Grupo de Mercadorias
(mil US$)
%
cana e sacarídeas
2.950.625
38,39
bovídeos - bovinos 
1.631.822
21,23
Frutas
1.053.888
13,71
produtos florestais
971.297
12,64
cereais/leguminosas/oleaginosas
549.709
7,15
bens de capital / insumos
460.128
5,99
agronegócios especiais
417.183
5,43
café e estimulantes
354.517
4,61
suínos e aves
290.815
3,78
Têxteis
154.707
2,01
flores e ornamentais
13.362
0,17
Olerícolas
7.447
0,10
Pescado
7.051
0,09
Fumo
1.371
0,02
Agronegócios
7.686.497
100,00

Fonte: IEA/APTA/SAA-SP, a partir dos dados básicos da SECEX/MDIC
 

            Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais/leguminosas/oleaginosas ( US$ 10,33 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 4,89 bilhões), produtos florestais (US$4,81 bilhões), suínos e aves (US$4,08 bilhões) e cana e sacarídeas (US$2,99 bilhões), que totalizam 75,74% das vendas externas dos agronegócios (Tabela 2).
 

TABELA 2. Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Brasil, Janeiro a junho de 2008.
Grupo de mercadorias
(mil US$)
%
cereais/leguminosas/oleaginosas
10.332.624
28,87
bovídeos - bovinos 
4.891.263
13,67
produtos florestais
4.811.560
13,44
suínos e aves
4.083.565
11,41
cana e sacarídeas
2.985.635
8,34
café e estimulantes
2.331.716
6,52
Frutas
1.510.374
4,22
bens de capital / insumos
1.477.140
4,13
agronegócios especiais
1.234.769
3,45
Fumo
1.084.836
3,03
Têxteis
818.198
2,29
Pescado
120.196
0,34
Olerícolas
87.617
0,24
flores e ornamentais
18.275
0,05
Agronegócios
35.787.768
100,00

Fonte: IEA/APTA/SAA-SP, a partir dos dados básicos da SECEX/MDIC

A quantidade exportada de produtos dos agronegócios brasileiros reduziu-se em 0,3% de janeiro a junho de 2008, quando comparada com a do mesmo período de 2007, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve queda ainda maior, de 10,9%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios subiram 27,4% em nível nacional e 16,0% no âmbito de São Paulo (Tabela 3).
 

TABELA 3. Variações Percentuais dos Índices de Quantidade e de Preço das Exportações de Produtos dos Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2008(1).
Setor
Brasil
São Paulo
Quantidade
Preço
Quantidade
Preço
Agronegócios
-0,3
27,4
-10,9
16,0
Agronegócios exc. Bens de capital/insumos
-1,2
27,6
-12,3
15,9
(1) Variações em relação a igual período do ano anterior, baseadas em índices calculados pela fórmula de Fisher.

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Cerca de 47,1% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios de janeiro a junho de 2008 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) e 52,9% a produtos básicos. No Estado de São Paulo, os produtos básicos representam apenas 23,8% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (76,2%), evidenciando índices superiores de agregação de valor já que São Paulo exporta 61,4% dos produtos processados dos agronegócios nacionais (Tabela 4).
 

TABELA 4. Exportações dos Agronegócios por Fator Agregado, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2008.
Fator Agregado
Brasil
São Paulo
SP/BR
(Produtos)
US$ mil
%
 
US$ mil
%
 
%
Produtos Básicos
18.934.407
52,91
1.828.308
23,79
11,39
Produtos Semimanufaturados
5.807.279
16,23
1.359.151
17,68
21,39
Produtos Manufaturados
11.046.082
30,87
 
4.499.038
58,53
40,02
Agronegócios
35.787.768
100,00
7.686.497
100,00
23,31

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de janeiro a junho de 2008, representando 60,4% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo tem participação (49,7% do valor total) pouco superior ao de bens de consumo (46,2%)(Tabela 5).
 

TABELA 5. Exportações dos Agronegócios por Categoria de Uso, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a junho de 2008.
Categorias de Uso Brasil   São Paulo   SP/BR
US$ mil
%
US$ mil
%
%
Bens de capital
1.124.938
3,14
315.619
4,11
28,06
Bens de consumo 
13.034.584
36,42
3.552.187
46,21
27,25
Matérias-primas e produtos intermediários
21.628.246
60,43
3.818.691
49,68
17,66
Agronegócios
35.787.768
100,00
7.686.497
100,00
21,48

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
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1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.
2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.
3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$4,97 bilhões.
4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$28,13 bilhões.

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.

Data de Publicação: 16/07/2008

Autor(es): José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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