Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Trimestre de 2021


1- BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro trimestre de 2021, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$10,66 bilhões (19,2% do total nacional) e as importações2, US$15,71 bilhões (32,9% do total nacional), registrando deficit comercial de US$5,05 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2020, houve aumento nas exportações (5,0%) e nas importações (7,8%); essa conjunção de desempenhos resultou no crescimento de 14,0% do deficit no saldo da balança comercial paulista no primeiro trimestre de 2021.

 

O principal motivo desse resultado negativo ainda é resultante da pandemia da covid-19, havendo também perda de competitividade e menor atividade industrial, o que vêm afetando as exportações de algumas das principais mercadorias das indústrias paulistas extrativista e de transformação. Por outro lado, houve aumento das importações, principalmente de mercadorias tecnológicas, medicamentos e automóveis de motor a diesel.

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio, o resultado do primeiro trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou aumento nas exportações (+7,5%), alcançando US$3,87 bilhões, e queda nas importações (-7,0%), totalizando US$1,20 bilhão; com esses resultados, obteve-se superavit de US$2,67 bilhões, 15,6% superior ao mesmo período de 2020 (Figura 1).

A participação no trimestre das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 36,3%, enquanto a participação das importações setoriais é de 7,6% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$6,79 bilhões e as importações, US$14,51 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$7,72 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$2,67 bilhões).

 

1.2  - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro trimestre de 2021, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,36 bilhão, sendo que, desse total, o açúcar representou 86,1% e o álcool, 13,9%), setor de carnes (US$507,23 milhões, em que a carne bovina respondeu por 87,8%), complexo soja em terceiro (US$438,08 milhões), seguido do grupo dos sucos (US$347,57 milhões, dos quais 97,2% referentes a sucos de laranja) e dos produtos florestais (US$341,18 milhões, com participações de 51,8% de papel e 32,8% de celulose), ficando o café na sétima colocação (US$171,41 milhões, dos quais 74,8% referentes ao café verde). O agregado dos cinco principais grupos representou 77,7% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1).

Ainda de acordo com a tabela 1, no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve importantes variações nos valores exportados dos cinco principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumento para o grupo do complexo sucroalcooleiro (+41,0%), estabilidade para o grupo de carnes e quedas para complexo soja (-15,6%), sucos (-0,3%) e produtos florestais (-17,3%). Destaca-se o grupo café, que obteve aumento de 20,9% nos valores exportados, aumentando sua participação de 3,9% para 4,4% no agronegócio paulista. Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista nos três primeiros meses de 2021 em comparação com igual período de 2020 são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (35,2%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 41,0% em valores e 34,4% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas do açúcar (44,4% em valores e 32,7% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram aumentos de 56,4% em volume e de 23,3% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2020.

 

O grupo de carnes tem a segunda posição na pauta do estado, apresentando estabilidade em valores e queda em volume (-5,3%) em relação ao primeiro trimestre de 2020. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou aumentos de 5,9% em valores e de 7,0% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de retração em valores (-29,9%) e em volumes (-24,2%). A carne suína apresentou elevação de 5,3% em valores, mas queda de 11,8% na quantidade embarcada.

O grupo composto pelo complexo soja teve no primeiro trimestre de 2021 desempenho negativo com queda nos embarques (-27,2%) e em valores (-15,6%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresentou variações negativas de valores e volumes (-9,7% e -20,2%, respectivamente), quando comparados com o mesmo período de 2020. Essa queda pode ser creditada a indisponibilidade do produto ocasionada pelo atraso do plantio por conta do clima (falta de chuvas) nos meses de setembro e outubro de 2020.

O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu redução de 5,4% no valor e aumento de 4,4% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas decresceram em valores (-1,8%), mas obtiveram elevação em volume (2,7%). A variação total das exportações do grupo de sucos foi de -0,3% em valores e 3,9% em volume na comparação com o primeiro trimestre de 2020.

Os produtos florestais aparecem com quedas de -17,3% em valores e -8,8% em volume em relação ao ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, obteve variação negativa quanto aos valores (-17,7%) e ao volume (-9,1%). As exportações dos produtos de celulose apresentaram quedas nos valores (-27,6%) e nos embarques (-10,2%).

Para o grupo do café, os resultados apontaram aumentos de 20,9% nos valores e de 33,0% no volume das exportações paulistas. O principal produto desse grupo é o café verde, que registrou aumento de 32,6% em valores e 39,6% em quantidades exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel exibiu decréscimos de 5,0% em valores e de 1,2% em volume comercializado.

 

1.4 - Destinos das Exportações do Agronegócio Paulista        

Em relação aos destinos das exportações do agronegócio paulista no primeiro trimestre de 2021, a China (US$798,71 milhões, 20,7% de participação e variação negativa de 5,6% em relação ao valor do primeiro trimestre de 2020) é o principal destino das exportações de São Paulo, seguida da União Europeia (US$59,73 milhões, 13,7% de participação e queda de -12,2% sobre 2020) e dos Estados Unidos (US$358,39 milhões, participação de 9,3% e variação positiva de 13,5%). Na sequência, completando os dez principais destinos em termos de participação, aparecem Indonésia (3,7%), Bangladesh (3,6%), Arábia Saudita (3,0%), Argélia (2,9%), Coreia do Sul (2,5%), Nigéria (2,3%) e Malásia (2,2%). A tabela
3 apresenta os 20 principais destinos das exportações paulistas no ano de 2021, que somados representam 78,6% do total, e as respectivas pautas (em %) por grupos de produtos.

 

 

Ainda de acordo com a tabela 3, observa-se uma diferenciação na composição das pautas dos principais parceiros comerciais do agronegócio paulista. A China importou principalmente produtos do complexo soja (42,5%) e carnes (29,6%), enquanto para a União Europeia, entre os principais produtos da pauta de importações paulista, predominam os produtos do grupo de sucos (39,5%, basicamente suco de laranja) e café (14,5%). Já os Estados Unidos apresentam pauta bastante diversificada, composta principalmente pelos grupos de carnes (20,4%) e sucos (19,1%). Na sequência dos dez maiores importadores, da Indonésia até a Malásia, todos têm elevada concentração de suas importações no complexo sucroalcooleiro, acima de 80% de representatividade e o Japão que recebe 23,5% do café brasileiro exportado.

 

1.5 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista no primeiro trimestre de 2021 foram papel (US$86,25 milhões), seguido do trigo (US$79,07 milhões) e do óleo de dendê ou de palma (US$65,97 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos, que representam 44,7% do total importado no trimestre (US$536,47 milhões).

 

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou saldo positivo US$7,91 bilhões no primeiro trimestre de 2021, com exportações de US$55,65 bilhões e importações de US$47,74 bilhões. Esse resultado indica aumento de 183,5% no saldo comercial em relação ao mesmo período de 2020, quando alcançou US$2,79 bilhões (Figura 3).

 

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos três primeiros meses de 2021 (Figura 2) apresentaram aumento (+11,9%) em relação ao primeiro trimestre de 2020, alcançando US$23,53 bilhões (42,3% do total nacional). Já as importações cresceram 8,1% no período, registrando US$3,86 bilhões (8,1% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$19,67 bilhões no período, sendo 12,7% superior na comparação com o primeiro trimestre de 2020 (Figura 2).

A participação das exportações do agronegócio no total nacional recuou 1,4 ponto percentual, e a das importações aumentou 0,2 p.p. no período analisado (Figura 2). Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao bom desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$32,12 bilhões e importações de US$43,88 bilhões, produziram um deficit de US$11,76 bilhões no primeiro trimestre de 2021.

 

2.2 – Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2021 foram: complexo soja (US$8,09 bilhões), carnes (US$4,03 bilhões, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 44,9% 37,8% e 14,6%), produtos florestais (US$2,72 bilhões, com participações de 48,7% de celulose e 37,4% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$2,09 bilhões, dos quais 87,9% de açúcar) e grupo de café (US$1,54 bilhão, tendo o café verde participação de 91,7%). Esses cinco grupos agregados representaram 78,6% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 4).

 

 

Ainda conforme a tabela 4, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos de complexo sucroalcooleiro (+44,5%), café (+20,3%), complexo soja (+12,0%), carnes (+0,5%) e produtos florestais (-1,5%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 5 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo trimestre de 2020.

 

Desses grupos relevantes, o complexo soja, que apresenta a maior participação (34,4%), registrou aumento em valores (+12,0%), mas redução no volume exportado (-4,2%) em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal produto desse grupo, a soja em grão, teve elevação de 8,1% em valores e queda de 5,2% em volume.

O grupo de carnes apresentou pequenas variações em relação ao primeiro trimestre de 2020, com aumentos tanto em valores como em volumes (+0,5% e + 3,2%, respectivamente). Essas elevações foram sustentadas pelos aumentos de valor e volume da carne suína (22,2% e 21,5%, respectivamente), enquanto a carne bovina teve recuo de -0,2% em valores e crescimento de 1,2% em volume exportado, e a carne de frango mostrou perda em valores (-5,6%) e ligeiro aumento em volume (0,3%).

O grupo de produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira, apresentando variação negativa em valores (-1,5%), com aumento, porém, em volume exportado (5,9%). Destaca-se expressivo aumento do valor e do volume da madeira (27,3% e 24,3%, respectivamente), enquanto celulose e papel apresentaram variações negativas nas exportações no primeiro trimestre de 2021, quando confrontados com o primeiro trimestre de 2020.

Para o grupo sucroalcooleiro, os resultados do primeiro trimestre de 2021 foram bastante positivos, com crescimento expressivo em valores e quantidades embarcadas (44,5% e 37,3%, respectivamente). O açúcar puxou o desempenho do grupo, com aumentos para valores (44,1%) e volumes (34,8%) no período analisado. Embora com menor participação no grupo, o álcool etílico exibiu incrementos de 22,2% e 50,9% para valores e quantidades embarcadas, em comparação com o primeiro trimestre de 2020.

O grupo do café apresenta ganho em valores (20,3%) e em quantidade (26,2%), sendo o café verde o principal produto, com variações positivas de 23,2% em valores e de 27,2% em quantidades exportadas pelo país.

 

2.4 - Destinos das Exportações do Agronegócio Brasileiro

Em relação aos destinos das exportações do agronegócio brasileiro nos três primeiros meses de 2021, a liderança permanece com a China (US$7,57 bilhões, 32,2% de participação e 8,7% de crescimento em comparação com o mesmo período do ano anterior), seguida pela União Europeia (US$3,63 bilhões, 15,4% de participação) e com os Estados Unidos (US$1,66 bilhão, 7,0% de participação) A tabela 6 apresenta os 20 principais destinos das exportações que, somados, representam 82,6% do total, e as respectivas pautas (em %) por grupos de produtos.

 

 

 

Ainda de acordo com a tabela 6, observa-se uma diferenciação na composição das pautas dos principais países. A China importa principalmente produtos do complexo soja (62,2%) e carnes (19,6%). Já a União Europeia possui pauta mais diversificada, com destaque para complexo soja (34,9%), café (19,8%) e produtos florestais (14,8%). Os Estados Unidos têm como principal produto na pauta produtos florestais (42,5%), seguidos por café (17,8%). Na sequência, aparecem Indonésia, Vietnã, Arábia Saudita, Tailândia, Bangladesh, Coreia do Sul e Japão, completando a lista dos dez principais importadores no primeiro trimestre de 2021.

 

2.4 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2021 foram: trigo (US$425,86 milhões), seguido de papel (US$206,73 milhões) e malte (US$180,72 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos que representam 41,6% do total importado (US$3,86 bilhões).

 

2.4 - Participação do Estado de São Paulo no Brasil

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 1,9 ponto percentual nas exportações e aumento dede 0,7 p.p. nas importações no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período do ano anterior, apontando valores de representatividade de 19,2% nas exportações e de 32,9% para as importações (Figura 5).


Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro trimestre de 2021 representaram 16,4% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,7 ponto percentual inferior ao registrado no mesmo período de 2020; já as importações tiveram queda (5,0 p.p.), passando de 36,1% para 31,1% (Figura 5).

 

 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em:  http://indi
cadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: abr. 2021.

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Trimestre de 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 4, abr. 2021, p. 1-14. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 27/04/2021

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor