Pequeno recuo nos Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista em outubro de 2016

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) encerrou o mês de outubro de 2016 com pequena queda de 0,10% na comparação com o mês anterior. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou com leve alta de 0,16%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) registrou baixa de 0,67%  (Tabela 1). 

 

 

Na tabela 1 são apresentados os resultados das variações dos índices entre a última semana de setembro/16 e as quadrissemanas de outubro/16. Observa-se que o IqPR (geral) e o IqPR-V tiveram o mesmo comportamento com tendência de queda durante as quatro quadrissemanas, com o IqPR fechando negativamente, enquanto o IqPR-V mesmo em queda encerrou o mês em alta (0,16%), ou seja, subiu menos que o mês anterior. Já para o IqPR-A (animal), a situação é inversa, quando apresenta uma tendência de aceleração dos preços, passando de uma variação negativa de -2,60% no final de setembro/16 para uma queda de -0,67% no fechamento de outubro/16.

Quando a cana-de-açúcar (que em outubro/16 teve o preço da tonelada no campo reajustado em 1,93%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) apresenta uma variação negativa de -1,75% (Tabela 1), demonstrando o peso da cultura canavieira no índice geral. 

         Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de outubro/16 foram: laranja para mesa (11,07%) e banana nanica (2,21%) (Tabela 2). 

         

 

Na laranja para mesa, a alta é por conta de uma conjunção de fatores, tais como: aumento do consumo da fruta in natura com dias mais quentes, menor oferta da fruta com o fim da colheita da variedade Pera-rio e parte da produção destinada para indústria de suco.

No caso da banana nanica, problemas climáticos (geadas) geraram perdas na produção que continuam elevando o preço do quilo do produto desde a comercialização no campo até às gôndolas dos supermercados.

         Os produtos cana-de-açúcar e café apresentaram alta de 1,93% e 1,02%, respectivamente, no mês de outubro/16. Ressalta-se que, esses dois produtos estão valorizados no mercado internacional com as altas do açúcar devido à queda na safra da cana na Índia e do café com a quebra da safra do conillon no Estado do Espírito Santo. Como o Brasil é o maior exportador desses produtos, a tendência é que continuem em alta para os próximos meses. O amendoim foi outro produto que teve variação positiva no período (0,53%).

         Os produtos que apresentaram quedas mais expressivas de preços no mês de outubro/16 foram: feijão (25,55%) e tomate para mesa (15,94%) (Tabela 2).

         Para feijão, esse resultado de queda reflete a maior disponibilidade no mercado com a concentração do produto oriundo das colheitas do final da safra de inverno e da antecipação do período das águas. Esses fatores reverteram as altas verificadas nos últimos meses por conta da menor produção decorrente de problemas climáticos e da redução de área cultivada.

         No caso de tomate para mesa, a boa oferta do produto, resultado das produções nas regiões de Campinas e de Mogi Mirim nessa época do ano, contribuiu para essa queda de aproximadamente 25%.

         Vale destacar a queda de 6,17% na cotação do leite em outubro/16, depois das altas ocorridas nos últimos meses devido aos problemas climáticos que prejudicaram as pastagens que consequentemente aumentou a demanda pela ração animal num momento de alta valorização do milho. Sendo assim, com o final da entressafra a produção está voltando a ser normalizada seguindo sua sazonalidade. 

Em resumo, no mês de outubro/16, sete produtos apresentaram alta de preços (5 de origem vegetal e 2 de origem animal), 10 apresentaram queda (8 de origem vegetal e 2 de origem animal) e dois produtos (algodão e carne de frango) não registraram variações de preços em outubro/16 em relação ao mês anterior (Tabela 2).

 

- Acumulado dos últimos 12 meses 

No acumulado dos últimos 12 meses (outubro/15 a outubro/16), os três índices apurados, registraram alta nas variações. Para o IqPR (geral) o acumulado foi de 25,38% devido à forte valorização do IqPR-V (vegetal) que acumulou alta de 30,79%. Já o IpPR-A (animais) acelerou no período 10,08% (Tabela 1, Figura 1).  

Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor da tonelada no campo teve variação positiva de 18,57% na comparação com outubro de 2015), os índices acumulados encerraram o último mês de 2016 com valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 33,27%, enquanto o IqPR-V (sem cana) sobe para 60,53%. Esses números mostram que no acumulado destes 12 meses grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem superiores aos da cana-de-açúcar (Tabela 1).

 

 

Na figura 1 se observam as variações acumuladas mensalmente (base 100=outubro/2015) dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De um modo geral, apresentam praticamente o mesmo comportamento com crescimentos de novembro/15 até o mês de março/16, reflexo da desvalorização do real frente ao dólar que ampliou as possibilidades de exportação do setor e, por outro lado, encareceu os custos de produção com uso de insumos importados, combustíveis e energia elétrica. Para o mês de abril/16 nota-se certa estabilidade no IqPR, com a volta de seu crescimento nos meses de maio e junho/16 puxado pelos produtos vegetais e pela recuperação dos produtos de origem animal (carnes, ovos e leite).

No mês de julho/16, com o índice mensal negativo dos produtos vegetais, o IqPR acumulado recua, porém, volta a subir nos meses de agosto e setembro puxados pelas elevações dos produtos vegetais (principalmente frutas), e só não foi maior devido ao índice negativo dos produtos de origem animal em setembro (Figura 1). Em outubro/16 o índice geral se encaminha para a estabilidade ancorados nas quedas dos produtos de origem animal e da estabilidade na variação dos produtos vegetais.

Com altas significativas, comparando os preços entre outubro/16 e outubro/15, as culturas: banana nanica (139,63%), laranja para indústria (108,49%), laranja para mesa (91,40%), feijão (80,85%), amendoim (79,18%), arroz (33,79%), leite cru resfriado (33,11%), batata (28,03%), milho (27,57%), ovos (20,23%), cana-de-açúcar (18,57%) e algodão (8,16%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (alta de 7,85% no mesmo período)3. Abaixo do patamar desse indicador que aponta os reajustes dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: café (5,92%), carne de frango (4,11%) e carne bovina (3,76%) (Tabela 2). Apresentaram quedas no acumulado dos 12 últimos meses, tomate para mesa (-17,07%), trigo (-9,50%), carne suína (-8,20%) e soja (-2,05%) (Tabela 2).

 

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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agrope­cuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/10/2016 a 31/10/2016 e base = 01/09/2016 a 30/09/2016.

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: nov. 2016.

3O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste numa medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. O Índice é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos.

 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores

Data de Publicação: 25/11/2016

Autor(es): Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor