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São Paulo Tem o Pior Desempenho na Geração de Empregos Formais no Setor Agropecuário dentre as Unidades de Federação em 2014
Em setembro de 2015, foram divulgados os resultados
da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) sobre o total de vínculos ativos com carteira assinada no ano de
2014, com referência do dia 31 de dezembro do mesmo ano1. Os
resultados apontaram acréscimo de 1,3% no total de ocupações em relação ao ano
anterior para todo o território nacional envolvendo todos os setores
econômicos. Esse aumento representou geração superior a 620 mil postos com
carteira assinada (Tabela 1). A crise política e econômica evidenciada em 2015
mostrava seus reflexos nos dados de 2014 da RAIS sobre os setores da indústria,
construção civil e agropecuário, que juntos registraram perdas de cerca de 200
mil postos de trabalho formais. O aumento no emprego deveu-se principalmente ao
setor de serviços que registrou mais de 607 mil vagas e comércio com mais de
217 mil postos de trabalho. O setor agropecuário, com baixa representatividade no
total de empregos formais em 2014 (3,0% do total), apresentou aumento no número
de postos de trabalho em 17 unidades da Federação; destes, Mato Grosso,
Pernambuco e Mato Grosso do Sul despontam como os principais na geração de
empregos no setor. Esse desempenho pode ser explicado tanto pelo
desenvolvimento econômico do próprio setor, quanto na mitigação da
informalidade. Porém, outros dez Estados apresentaram perdas nos
postos de trabalho e São Paulo foi o que alavancou a variação negativa na
geração de empregos no setor, com perda de 13,6 mil postos de trabalho.
Elaborando ranking decrescente de
desempenho, o Estado de São Paulo aparece como o de pior desempenho dentre
todos (Tabela 2). Em São Paulo, responsável por 28,4% do total de
empregos formais no território nacional envolvendo todos os setores econômicos,
a tendência de geração de empregos foi a mesma comparada a do Brasil: pouco
aumento no número de empregos formais e com semelhante retração nos setores
industrial, construção civil e agropecuário. Os dois primeiros tiveram perdas
de 89,9 mil e 9,8 mil postos de trabalho respectivamente, enquanto o setor
agropecuário perdeu mais de 13 mil empregos formais (Tabela 3). Os setores de comércio
e serviços compensaram as perdas com um aumento de cerca de 200 mil postos de
trabalho. 1Tomou-se o devido
cuidado em expressar corretamente esses números, uma vez que, na organização
dos dados pelo MTE, a "atividade de apoio à produção florestal" é
excluída do setor agropecuário e transferida para o setor de serviços, enquanto
"atividades paisagísticas" é inserida no setor agropecuário, quando
na verdade é uma atividade de setor de serviços. Os ajustes foram feitos pelos
autores. Fonte: Elaborada pelos autores a partir
de dados da RAIS/MTE. Ao analisar o setor agropecuário paulista pela composição
de suas atividades econômicas, segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE 2.0) do Instituto Brasileiro de Geografias Estatísticas (IBGE)2,
identifica-se que o cultivo da ca- A crise do setor
sucroalcooleiro somada à mecanização da colheita da cana-de-açúcar
induzida pelos marcos regulatórios instituídos para erradicar a queima da cana
(Protocolo Agroambiental e Lei n. 11.241/2002)3, 4 impulsionaram o
mau desempenho do Estado de São Paulo no setor agropecuário. Aponta-se que os
números apresentados referem- -se apenas ao setor produtivo, ou seja,
fornecedores de cana-de-açúcar. Os demais elos da cadeia produtiva, como
fabricação de açúcar (bruto ou refinado) e álcool, evidenciariam números
superiores para as perdas nos postos de trabalho5. A geração de empregos ocorreu em atividades
econômicas como a horticultura, atividades de apoio à produção florestal,
expansão da produção florestal e o cultivo da laranja. Esta última, responsável
por 13,6% do total de empregos formais do setor agropecuário paulista em 2014,
acrescentou apenas 161 postos de trabalho com carteira assinada. Ou seja,
enquanto a cana-de-açúcar, a principal atividade na geração de empregos,
registrou perdas nos postos de trabalho, outras de importância semelhante, como
o cultivo da laranja, pouco contribuíram
para o aumento nos postos de trabalho no setor agropecuário (Tabela 4). Ao considerar as Regiões Administrativas paulistas6,
apenas duas registraram aumento nos empregos formais no setor agropecuário:
Barretos e Araçatuba, que são responsáveis por cerca de 11,4% do total de
empregos no setor. As outras 13 regiões tiveram perdas em postos de trabalho, das
quais se destacam as regiões de Bauru, São José do Rio Preto e inclusive
Sorocaba. Esta é responsável por 18,6% do total de empregos no Estado de São
Paulo, a principal para a geração de empregos no setor agropecuário, mas que no
ano de 2014 registrou perdas de mais de mil postos de trabalho (Tabela 5). Os processos de coleta, organização, consolidação e
divulgação dos dados da RAIS levam considerável tempo e, por isso, os dados do
ano de 2014 apresentados aqui praticamente não ilustram o desempenho do emprego
formal para o ano de 2015. Dessa forma, tenta-se inferir a geração de empregos
para o ano de 2015, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED)7, também do MTE, que mede a movimentação
mensal de admitidos e desempregados também em todos os setores econômicos. Os dados do CAGED entre janeiro a outubro de 2015,
que são os mais recentes até então, registraram um total de 193.415 admissões
com carteira assinada, contra 160.828 demissões. O saldo acumulado neste
período foi de 32.587 postos de trabalho (Figura 1). Este bom desempenho
ocorreu entre os meses de abril a julho, por conta de atividades em colheita
que demandaram mão de obra. Após julho, esta demanda diminui e intensifica-se o
processo de demissões que culmina entre os meses de outubro a dezembro. Até então infere-se que os futuros dados da RAIS 2015
apresentem acréscimo no total de vínculos ativos com carteira assinada. A
estimativa feita aqui até outubro representa um aumento de 10,1% sobre o total
de empregos formais. Porém, este cenário pode ser alterado, uma vez que as
declarações referentes aos meses de novembro e dezembro ainda não foram
oficializadas pelo MTE e, por conta das demissões no período da entressafra,
este acréscimo estimado (10,1%) poderá ser menor. Conclui-se que, em 2014, houve desempenho negativo
na geração de ocupações no segmento agropecuário do Estado de São Paulo. O
cultivo de cana-de-açúcar, principal atividade agropecuária para os empregos
formais, tem sido propulsor da queda nos postos de trabalho. Outras atividades
importantes como cultivo de laranja e criação de bovinos ainda respondem também
por parcelas expressivas na composição do emprego formal, mas que pouco
representaram em expansão nos empregos formais. Estimativa elaborada a partir
de dados do CAGED, espera-se melhor resultado na geração de empregos para o
setor agropecuário paulista para em 2015, em face da previsão de recomposição
do segmento sucroenergético. 1Os dados da Relação Anual de Informações Sociais do
Ministério do Trabalho e Emprego estão disponíveis em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php>.
Acesso em: 20 out. 2015. 2Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.
Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/>. 3SÃO PAULO. Lei n.
11.241, de 19 de setembro de 2002. Dispõe sobre a eliminação gradativa da
queima da palha da cana-de-açúcar e dá providências correlatas. Diário Oficial
do Estado de São Paulo, 20 set. 2002. 4______. Protocolo
agroambiental: Protocolo de cooperação que celebram entre si, o Governo do
Estado de São Paulo, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, a Secretaria de
Estado da Agricultura e Abastecimento e a União da Agroindústria Canavieira de
São Paulo para a adoção de ações destinadas a consolidar o desenvolvimento
sustentável da indústria da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. São Paulo:
GESP/ SMA/SAA/ÚNICA, 04 jun. 2007. 3 p. Disponível em: <http://homologa.ambiente.sp.gov.br/etanolverde/oquee/protocolo/pdf>. Acesso em:
01 nov. 2010. 5FREDO, C. E. Setor Sucroalcooleiro Paulista: crise nos
empregos em 2014. Análises e Indicadores dos Agronegócios. vol. 10, no. 3,
março de 2015. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?cod 6A Região Administrativa de Itapeva, instituída pela resolução do Decreto n. 60.135, de 10 de fevereiro de
2014, ainda não consta na sistematização de informações da RAIS/MTE. 7Os dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego estão disponíveis em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php>.
Acesso em 14 nov. 2015. Palavras-chave:
emprego
formal, RAIS, setor agropecuário, São Paulo.
na-de-açúcar respondeu pela perda dos postos de trabalho. Entre os dois anos
analisados, a perda de postos de trabalho foi de 10,5 mil. Destaca-se que esta
atividade é responsável por 22,6% do total de postos de trabalho no setor em
2014.
Texto=13637>.
Data de Publicação: 21/12/2015
Autor(es):
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor