Preços Agropecuários: queda de 1,78% na terceira quadrissemana de junho

 

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 registrou queda de 1,78% na terceira quadrissemana de junho. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) apresentaram variações negativas de 1,32% e 2,92%, respectivamente (Tabela 1). A convergência de todos os indicadores de preços para baixo parece revelar que cessaram as pressões inflacionárias dos preços agropecuários. De qualquer modo, verificam-se patamares de preços ainda altos para a maioria dos produtos.
 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), o IqPR tem queda mais acentuada e encerra em 2,77%. O mesmo acontece com o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fechando negativamente em 2,62% (Tabela 1). Esse comportamento decorre da incorporação aos índices de parte do reposicionamento dos preços da cana-de-açúcar no início de safra, voltando as variações à normalidade da conjuntura.
 

            Os movimentos dos preços, em especial daqueles cuja formação tem contribuição relevante do mercado internacional, passam a refletir as entradas e saídas de capital das bolsas de mercadorias, impactadas pela crise grega que pode se alastrar pelo continente europeu.
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, terceira quadrissemana de junho de 2011

São Paulo

São Paulo s/cana

IqPR

-1,78 

-2,77 

IqPR-V

-1,32 

-2,62 

IqPR-A

-2,92 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.



            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: tomate para mesa (32,54%), leite B (7,28%), leite C (4,69%), soja (3,66) e milho (2,11%) (Tabela 2).
 

            Para o tomate de mesa, a menor oferta decorrente das chuvas (inclusive granizo) e de temperaturas acima da média na primeira metade de maio provocou perdas de produto, que numa conjuntura de demanda aquecida gerou a elevação dos preços.
 

            No leite B e C, a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na menor oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima. O aumento maior para o leite B em relação ao C, o que não é comum para este período do ano, deve-se ao fato do aumento do custo das rações. Os produtores de leite B são mais dependentes de insumos como o milho e a soja, que tiveram altas significativas nos últimos 12 meses.
 

            Na soja e no milho se apresentam movimentações de preços decorrentes da elevada volatilidade do mercado internacional de commodities agropecuárias causada pela crise grega e pelas expectativas sobre o clima na safra norte-americana. De outro lado, a pressão interna pelo aumento da demanda de rações levou a incrementos de preços.
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, na terceira quadrissemana de junho de 2011

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação quadrissemanal (%)

3ª Maio/11

3ª Junho/11

VEGETAL

Algodão

15 kg

90,17
76,24
- 15,45 

Amendoim

sc.25 kg

32,03
30,41
- 5,07 

Arroz

sc.60 kg

27,36
27,80
1,60 

Banana nanica

cx.21 kg

10,19
9,96
- 2,25 

Batata

sc.60 kg

45,12
33,61
- 25,51 

Café

sc.60 kg

504,87
482,96
- 4,34 

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,5328
0,5308
- 0,37 

Feijão

sc.60 kg

107,35
108,93
1,48 

Laranja p/indústria

cx.40,8 kg

13,69
13,63
- 0,42 

Laranja p/Mesa 

cx.40,8 kg

17,25
14,98
- 13,16 

Milho

sc.60 kg

24,89
25,42
2,11 

Soja

sc.60 kg

40,65
42,14
3,66 

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

35,14
46,57
32,54 

Trigo

sc.60 kg

30,07
30,42
1,16 

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

98,62
95,83
- 2,83 

Carne de Frango

Kg

1,66
1,59
- 4,68 

Carne Suína

15 kg

48,50
40,18
- 17,16 

Leite B

Litro

0,83
0,89
7,28 

Leite C

Litro

0,74
0,77
4,69 

Ovos

30 dz

47,38
46,09
- 2,73 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).



            Os produtos que apresentaram as maiores quedas na terceira quadrissemana de junho foram: batata (25,51%), carne suína (17,16%), algodão (15,45%), laranja para mesa (13,16%), amendoim (5,07%) e carne de frango (4,68%) (Tabela 2).
 

            O pico da safra das secas de batata, neste mês de junho, colocou no mercado uma enorme quantidade deste produto bastante perecível, que exacerbando os efeitos da sazonalidade diminuiu os preços recebidos pelos seus produtores.
 

            No caso da carne suína, os problemas nas vendas para a Rússia que embargou produtos de várias empresas, com alegação de não cumprimento de padrões sanitários, aumentaram a oferta do produto no mercado paulista, impactando os preços para baixo.
 

            O algodão apresentou queda conjuntural em função do movimento de redução dos preços internacionais. No Brasil, além disso, os preços da pluma sofrem os efeitos das importações de têxteis chineses feitos pelas agroindústrias nacionais de vestuário e confecções e das possibilidades de ganhos financeiros nas importações de pluma, a prazos largos e juros baixos, numa realidade de juros internos crescentes.
 

            Na laranja de mesa a redução expressiva dos preços revela uma realidade distinta do ano passado. Uma safra dentro da normalidade não tem sido capaz de absorver a oferta estacional mais intensa, reduzindo os preços recebidos pelos produtores. Em função disso, os preços da laranja de mesa se aproximaram dos preços da laranja para indústria que têm se mantido com variações reduzidas.
 

            Para a carne de frango, a boa oferta frente à demanda estabilizada reflete queda nas cotações das aves. Além de frango no mercado spot, animais oriundos de integrações sob posse das agroindústrias continuaram apresentando excedentes nos corredores de abate, o que movimentou para baixo os preços recebidos pelos criadores.
 

            Na terceira quadrissemana de junho de 2011, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de origem animal) e 12 apresentaram queda (8 de origem vegetal e 4 de origem animal).

_____________________________
1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 24/05/2011 a 23/06/2011 e base = 24/04/2011 a 23/05/2011.

2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R. C. C.; Angelo, J. A.; Gonçalves, J. S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

 

 

Data de Publicação: 28/06/2011

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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