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Preços Agropecuários encerram o mês de Outubro em alta de 2,37%
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 encerrou o mês de Outubro de 2010 com alta de 2,37%. O
IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) registrou elevação de 2,51%, e o
IqPR-A (grupo de produtos de origem animal) fechou o mês também em alta de 2,01%
(Tabela 1).
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua
importância na ponderação dos produtos, os índices IqPR e IqPR-V
(cálculo somente dos produtos vegetais) terminaram o mês com índices positivos,
fechando em 3,04% e 4,02%, respectivamente (Tabela 1). Isso decorre do fato de
que, sendo o principal produto agropecuário paulista, a cana-de-açúcar, ao
manter seu preço pouco variável (1,41%) - acaba tornando baixa a variação dos
índices geral e vegetal de preços. Explica tal comportamento a verificação de
que os preços internacionais do açúcar que sustentaram os preços dessa matéria
prima desde 2008, agora seguem em ritmo próximo da valorização
cambial.
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Outubro de 2010 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Para a variação dos índices acumulados nos últimos 12 meses, os resultados mostram expressivas variações positivas para o IqPR de 33,61%, para o IqPR-V (vegetais) de 37,93% e para o IqPR-A (animais) de 21,72%, ou seja, conformando uma realidade de preços muito maiores (Tabela 1). Quando se exclui a cana-de-açúcar, o impacto da alta se torna mais exacerbado para os produtos vegetais que acumulam incremento de 67,87%, elevando o aumento do índice global para 45,09%. Tal comportamento decorre de que o preço da cana-de-açúcar, produto com grande peso no índice agropecuário, cresceu 17,62% nos últimos 12 meses, com o que, sem o seu cômputo, há significativo salto dos preços dos produtos vegetais.
Duas linhas de explicações devem ser consideradas na análise desses aumentos de preços. A primeira, do lado da oferta, consiste no fato de que 2009 foi um ano de preços demasiadamente baixos, os menores dos últimos anos, para produtos relevantes na composição dos índices, como é o caso das laranjas. Em 2010, tanto a laranja para indústria (150,39%) como para a laranja in natura (145,41%) revela-se significativa recuperação de seus preços (Tabela 2).
Na mesma linha de raciocínio se tem a alta dos preços do feijão (142,36%), em relação ao ano passado. Neste produto, do lado da oferta, duas ocorrências explicam o aumento exacerbado dos preços recebidos pelos agropecuaristas, que estão muito acima dos custos de produção. A primeira ocorrência segue a mesma linha de raciocínio da análise feita acima para as laranjas, na medida em que os preços do feijão estiveram muito baixos durante todo o ano de 2009 chegando a atingir o piso de R$ 42,00/sc de 60 kg, em plena colheita da safra de verão, em janeiro de 2010. Esse patamar remunerava em torno da metade dos custos de produção. Isso desestimulou o plantio com o que se inicia, nos meses seguintes, um movimento de recuperação de preços com idas e vindas que acabaram conformando em agosto de 2010 preços compatíveis com a remuneração adequada do produto, cobrindo os custos de produção acrescidos de rentabilidade adequada. Aí entra em cena a segunda ocorrência com seca, atrasando o plantio da nova safra das águas, levando a movimentos especulativos, uma vez que se vislumbrou um período de escassez até a entrada de feijão novo, o que deve ocorrer em maior volume no mês de novembro.
Merecem destaque os incrementos de preços, nos últimos doze meses, do algodão (82,99%) – reflexo da significativa queda dos estoques internacionais em plena entressafra brasileira-, do amendoim (31,51%), do café (27,17%) – que vem recuperando preços no mercado internacional após período de preços baixos-, da carne bovina (25,88%), da carne de frango (22,34%), da carne suína (21,71%), da banana (21,21%) e do milho (19,11%). Esses produtos tiveram em 2009, na média, preços baixos, o que enseja períodos de recuperação, tanto assim que praticamente todos apresentam preços atuais remuneradores cobrindo os custos de produção com alguma rentabilidade. Especificamente para carne bovina, o aumento de preços é decorrente, quase na sua totalidade em função do ciclo pecuário (plurianual), já que se está na fase ascendente do ciclo. Entretanto, e apesar deste aumento, é importante destacar que a carne bovina não se tornará um artigo de luxo, diferentemente do que se tem apresentado em um importante congresso internacional de carne e se noticiado pela impressa.
Mas há que se considerar uma segunda linha de explicação, do lado da demanda. Os preços agropecuários vêem mostrando firme tendência de aumento desde setembro de 2009, movimento acirrado após janeiro de 2010 (Figura 1). Em função do ritmo do crescimento econômico verificado em 2010, com aumento da massa salarial – pelo efeito convergente de redução do desemprego e maior nível do salário médio- há uma significativa e persistente pressão da procura exatamente no momento em que ocorre a entressafra da produção agropecuária (fato que se prolongará até o início da colheita da safra das águas, que para alguns produtos ocorre em novembro e para outros se estenderá até março de 2011). De qualquer maneira, há na conjuntura atual a formação de expectativas que conduzem a preços crescentes, fato que somente será revertido ou não em função da magnitude dos volumes colhidos, do comportamento dos preços internacionais e da resistência das estruturas de mercado: dos consumidores aos movimentos especulativos.
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de outubro foram: amendoim (17,91%), tomate para mesa (17,71%), batata (13,69%), banana nanica (10,43%) e laranja para mesa (6,49%) (Tabela 2).
No amendoim, além do ajuste decorrente de uma situação de menor oferta, manifestam-se as pressões de demanda e os mesmos efeitos de atraso de safra ocasionado pela estiagem que postergou a perspectiva de entrada da colheita de verão, formando expectativas altistas.
A diminuição da oferta de tomate para mesa devido à dificuldade de amadurecimento nas últimas semanas ocasionada pelas friagens noturnas nas regiões produtoras elevou os preços recebidos pelos tomaticultores. A entrada da lua minguante nos últimos dias promete reverter este quadro com a efetivação de um amadurecimento mais acelerado dos frutos e um conseqüente aumento da oferta neste início de novembro.
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Outubro de 2010.
No caso da batata, olerícola perecível em que se manifesta de forma exacerbada a gangorra de preços derivada de descompassos conjunturais entre a oferta e a procura de produto, ocorrem viradas abruptas e expressivas de tendência em função da realidade pontual do mercado. Essa menor oferta produziu o significativo aumento verificado nas últimas semanas.
Os preços da banana comumente atingem seu pico na primavera, quando há maior propensão ao consumo e quando a oferta é prejudicada pelas ondas de frio dos meses anteriores que retardaram a formação dos cachos.
Na laranja de mesa, as pressões da demanda da agroindústria citrícola, no mercado livre de laranja in natura, numa conjuntura de produção menor na presente safra, associada à elevação do consumo com os primeiros dias mais quentes deste segundo semestre, pressionou as cotações da fruta e elevou seus preços.
Os produtos que apresentaram maiores quedas de preços no mês de outubro foram: laranja para indústria (3,95%), carne de frango (3,78%) e feijão (2,96%) (Tabela 2).
Nos contratos de laranja para indústria, os preços recuam acompanhando o câmbio, manifestando-se inferiores aos da laranja in natura, como reflexo da predominância de contratos que acabam dando maior estabilidade aos preços atenuando tanto movimentos de alta (como é o caso) como de baixa (com em conjunturas anteriores).
Os preços da carne de frango e do feijão aumentaram de forma exacerbada no período anterior, reagindo vigorosamente a preços muito baixos. O frango seguindo a tendência de aumento dos produtos protéicos puxados pela carne bovina e o feijão respondendo à expectativa de alta provocada pela estiagem (gerada pela La Niña). Em ambos os casos o mercado reagiu reduzindo compras e limitando a alta. No caso do feijão, a entrada de produto irrigado permitiu a queda nas cotações.
Figura 1. Evolução do Índice
Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Outubro de 2009 a
Outubro de 2010.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
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1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de
Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As
cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim
Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das
quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras
semanas (base), sendo a referência = 01/10/2010 a 31/10/2010 e base = 01/09/2010
a 30/09/2010.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 04/11/2010
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor