Preços Agropecuários: alta de 3,65% na terceira quadrissemana de outubro

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 registrou alta de 3,65% na terceira quadrissemana de outubro de 2010. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) encerrou com elevação de 4,06%, e o IqPR-A (produtos de origem animal) fechou em alta de 2,63% (Tabela 1).

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana de Outubro de 2010.

 
São Paulo
 
São Paulo s/cana

IqPR
 
3,65 %

5,48 %
 
IqPR-V
4,06 %
8,20 %
IqPR-A
 
2,63 %
 
-
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), tanto o IqPR como o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecham, positivamente e com maior intensidade, em 5,48% e 8,20%, respectivamente (Tabela 1). A cana-de-açúcar ao apresentar elevação mesmo que pouco significativa nos preços, por ser o principal produto da agropecuária paulista, acaba puxando para baixo a variação dos índices geral e vegetal de preços.

Tabela 2 – Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana - Outubro de 2010.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: batata (43,65%), feijão (33,00%), amendoim (18,36%), laranja para mesa (11,85%), banana nanica (10,36%), milho (9,27%), carne suína (6,53%) e carne de frango (4,82%) (Tabela 2).

            No caso da batata, olerícola perecível em que se manifesta de forma exacerbada a gangorra de preços derivada de descompassos conjunturais entre a oferta e a procura de produto, ocorrem viradas abruptas e expressivas de tendência em função da realidade pontual do mercado. Essa menor oferta produziu o significativo aumento verificado nas últimas semanas.

            Para o feijão, a escassez conjuntural decorrente do atraso de safra gerado pela estiagem prolongada de meio de ano, que atrasou a entrada do feijão novo (em especial nas principais regiões produtoras do Sul-Sudeste). Os preços seguem a escalada de aumento que ganha ritmo com o aprofundamento da menor disponibilidade do produto, havendo pouco a fazer pela impossibilidade de importações em quantidades elevadas e qualidades desejáveis. Esta pressão altista somente será revertida com as primeiras colheitas de feijão novo da safra de verão que ocorrerão mais para o fim do ano.

            No amendoim, além do ajuste decorrente de uma situação de menor oferta, manifestam-se as pressões de demanda e os mesmos efeitos de atraso de safra ocasionado pela estiagem que postergou a perspectiva de entrada da colheita de verão, formando expectativas altistas.

            Na laranja de mesa, as pressões da demanda da agroindústria citrícola, no mercado livre de laranja in natura, numa conjuntura de produção menor na presente safra, associada à elevação do consumo com os primeiros dias mais quentes deste segundo semestre, pressionou as cotações da fruta e elevou seus preços.

            Os preços da banana comumente atingem seu pico na primavera, quando há maior propensão ao consumo e quando a oferta é prejudicada pelas ondas de frio dos meses anteriores que retardaram a formação dos cachos.

            No milho, as pressões de demanda em especial pela estrutura de produção de granjeiros (suínos e aves) em plena entressafra elevaram os preços. Também contribuiu para esse movimento as sinalizações de alta do preço do produto no mercado internacional.

            Nas carnes (bovina, suína, e de frango) inicia-se um movimento conjunto de alta desses produtos complementares como reflexo da seca que tornou escassa a oferta de bovinos para abate que acabou refletindo no deslocamento do consumidor para outras carnes. Essa pressão manifesta-se com maior força sobre a carne suína dada a característica de substituto perfeito no segmento das carnes vermelhas. De outro lado, as exportações de carnes também pressionam os preços internos numa realidade de oferta limitada de alimentação, pasto para bovinos e milho para o frango.

            Os produtos que apresentaram maiores quedas de preços na terceira quadrissemana de outubro foram: tomate para mesa (4,62%), ovos (2,80%), café (2,18%) e laranja para indústria (1,50%) (Tabela 2).

            O tomate, que nas últimas semanas registrou altas nas variações de seus preços, agora registra queda significativa: esta mudança de comportamento se deve às condições climáticas favoráveis, aliadas à consistente base técnica, que juntos constituem fatores de aumento da produção.

            No café, a relativa estabilização das cotações internacionais numa realidade de cambio em valorização fez recuar os preços no mercado interno, em especial os preços recebidos pelos produtores.

            A oferta de ovos vem acompanhando os movimentos da demanda, com suprimento maior que o consumo (seja doméstico, seja na agroindústria de panificação) levando às quedas dos preços.

            Nos contratos de laranja para indústria, os preços recuam acompanhando o câmbio, manifestando-se inferiores aos da laranja in natura, como reflexo da predominância de contratos que acabam dando maior estabilidade aos preços atenuando tanto movimentos de alta (como é o caso) como de baixa (com em conjunturas anteriores).

Figura 1 – Evolução da variação dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de abril de 2010 à 3ª quadrissemana de outubro de 2010.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola.

            A conjuntura atual revela o aprofundamento da desaceleração da tendência de alta dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A) com queda nos percentuais de majoração dos preços numa manifestação típica da sazonalidade dos preços na primavera antecedendo a colheita das águas. (Figura 1).

            No período analisado, 15 produtos apresentaram alta de preços (11 origem vegetal e 4 de origem animal), 5 apresentaram queda (3 origem vegetal e 2 origem animal).
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1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 24/09/2010 a 23/10/2010 e base = 24/08/2010 a 23/09/2010.

2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 27/10/2010

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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