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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de Janeiro a Setembro de 2010
De
janeiro a setembro de 2010, as exportações do Estado de São Paulo1
somaram US$37,57 bilhões (25,9% do total nacional), e as
importações2, US$49,59 bilhões (37,5% do total nacional),
registrando déficit de US$12,02 bilhões. Em relação a janeiro a setembro do ano
de 2009, o valor das exportações paulistas cresceu 22,9% e o das importações,
37,2%, aumentando em 115,4% o déficit comercial (Figura 1). O aumento nas
exportações paulistas (+22,9%), comparando-se os primeiros nove meses de 2010 e
2009, ficou abaixo do crescimento médio brasileiro (+29,6%). Nas importações
também ocorreu menor acréscimo em São Paulo (+37,2%) do que no Brasil (+45,8%)
revelando maior rigidez das aquisições externas paulistas. Assim, na conjunção
das performances das exportações e importações, o déficit da balança
comercial paulista teve aumento expressivo (+115,4%), enquanto o superávit da
brasileira apresentou redução acentuada (-39,7%).
Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro, 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Os agronegócios paulistas apresentaram exportações crescentes (+29,8%), atingindo US$14,80 bilhões, enquanto as importações cresceram 29,2%, somando US$5,75 bilhões, com saldo de US$9,05 bilhões, 30,2% superior que o de janeiro a setembro do ano de 2009 (Figura 2). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$43,84 bilhões para exportações de US$22,77 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$21,07 bilhões de janeiro a setembro de 2010. Assim, conclui-se que o comércio exterior paulista seria bem mais deficitário não fosse o desempenho dos agronegócios estaduais.
Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro, de 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Detalhando a balança comercial dos agronegócios paulistas, verifica-se que as cadeias de produção apresentaram saldos comerciais crescentes quando se compara o período de janeiro a setembro de 2009 (US$ 8,05 bilhões) com o do ano de 2010 (US$ 10,15 bilhões). Esses indicadores são menores quando se considera toda amplitude das transações setoriais, cujo saldo cresce de US$ 6,95 bilhões nos primeiros nove meses de 2009 para US$ 9,05 bilhões em igual período de 2010. Esse resultado deriva da continuidade do déficit na balança comercial de bens de capital e insumos, de US$ 1,10 bilhão tanto em 2009 como em 2010 (Tabela 1). Os bens de capital e insumos são fundamentais para a modernidade da produção nacional, notadamente os fertilizantes nos quais têm elevada dependência externa. Entretanto, na maioria das vezes não são considerados nas análises do comércio exterior setorial, levando a saldos superestimados.
A
participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado
aumentou em 2,1 pontos percentuais, enquanto a participação das importações
reduziu-se em 0,7 ponto percentual, na comparação dos primeiros semestres de
2009 e 2010 (Figura 3).
A
balança comercial brasileira registrou superávit de US$12,77 bilhões de janeiro
a setembro de 2010, com exportações de US$144,93 bilhões e importações de
US$132,16 bilhões. Esse superávit que se mostra 39,7% menor que nos primeiros
nove meses de 2009, ocorreu em função do aumento nas exportações (+29,6%)
inferior ao das importações (+45,8%) (Figura 4).
Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Setembro de 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
De
janeiro a setembro de 2010, as exportações dos agronegócios brasileiros
cresceram 15,8% em relação a igual período do ano anterior, atingindo US$59,51
bilhões (41,1% do total). Já as importações do setor aumentaram 24,8%, também em
comparação com os nove primeiros meses de 2009, somando US$16,55 bilhões (12,5%
do total). O superávit dos agronegócios em 2009 foi de US$42,96 bilhões, 12,7%
superior ao de janeiro a setembro do ano anterior (Figura 5). Portanto, o
desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez
que os demais setores, com exportações de US$ 85,42 bilhões e importações de US$
115,61 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 30,19
bilhões.
Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Janeiro a Setembro de 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
O detalhamento da balança comercial dos agronegócios brasileiros mostra que os saldos comerciais oriundos das transações externas das cadeias de produção aumentaram de US$ 42,30 bilhões de janeiro a setembro de 2009 para US$ 47,23 bilhões em igual período de 2010. Esses valores são maiores que os resultados setoriais – US$ 38,12 bilhões em 2009 e US$ 42,96 bilhões em 2010 - em função do crescimento do déficit da balança comercial de bens de capital e insumos de US$ 4,18 bilhões nos primeiros nove meses de 2009 para US$ 4,27 bilhões em igual período de 2010 (Tabela 2), reflexo da dependência externa dos agronegócios brasileiros - notadamente importações de fertilizantes -, sendo que não considerar essas transações produz estimativas de saldos comerciais setoriais superestimados.
As
participações dos agronegócios nos totais do País recuaram 4,9 pontos
percentuais nas exportações e 2,1 ponto percentual nas importações (Figura
6).
Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Setembro de 2009 e 2010
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-1,4 ponto percentual) e também no tocante às importações (-2,4 pontos percentuais) (Figura 7).
Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Janeiro a Setembro de 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo de janeiro a setembro de 2010 representaram 24,9%, ou seja, mais 2,7% que em igual período de 2009, enquanto as importações representaram 34,7%, sendo 1,1 ponto percentual superior à representatividade verificada no mesmo período do ano anterior (Figura 8).
Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Janeiro a Setembro de 2009 e 2010.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Os
cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos
agronegócios paulistas de janeiro a setembro de 2010, foram: cana e sacarídeas
(US$6,74 bilhões), bovídeos – bovinos (US$2,05 bilhões), produtos florestais
(US$1,49 bilhão), frutas (US$ 1,35 bilhão) e agronegócios especiais (US$669,01
milhões). Esses cinco agregados representam 83,13% das vendas externas setoriais
paulistas (Tabela 3).
Tiveram crescimento na comparação do janeiro a setembro de 2010 com 2009, as exportações paulistas de fumo (73,8%), bens de capital e insumos (46,0%), cana e sacarídeas (45,2%), têxteis (33,1%), bovídeos – bovinos (28,4%), café e estimulantes (26,0%), olerícolas (25,1%), produtos florestais (20,6%), agronegócios especiais (16,3%), suínos e aves (9,6%), frutas (5,2%), cereais/leguminosas/oleaginosas (4,8%) e recuaram apenas flores e ornamentais(-18,2%) e pescado (-46,1%) (Tabela 3).
Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais/leguminosas/oleaginosas (US$ 16,63 bilhões); cana e sacarídeas (US$9,62 bilhões), produtos florestais (US$ 7,03 bilhões), bovídeos - bovinos (US$ 6,77 bilhões) e suínos e aves (US$ 6,02 bilhões). Essas cadeias totalizam 77,4% das vendas externas dos agronegócios brasileiros (Tabela 4).
Tiveram crescimento as exportações brasileiras de cana e sacarídeas (45,17%), bens de capital e insumos (33,05%), produtos florestais (31,12%), bovídeos – bovinos (28,43%), café e estimulantes (23,62%), agronegócios especiais (21,80%), suínos e aves (17,86%), têxteis (13,76%), olerícolas (11,50%), frutas (7,96%) e pescado (4,26%). Mostraram queda, os cereais/leguminosas/oleaginosas (-3,35%), o fumo (-10,14%) e as flores e ornamentais (-14,22%) (Tabela 4).
Nas exportações dos agronegócios paulistas, quando se compara os resultados para os janeiro a setembro de 2009 e 2010, os produtos semi-manufaturados apresentaram maior aumento (+59,98%), seguido dos produtos básicos (+23,60%) e dos manufaturados (+16,68%). Os produtos manufaturados apresentam a maior participação nas vendas externas (48,29%) totalizando US$ 7,15 bilhões de janeiro a setembro de 2010 (Tabela 5).
No caso dos agronegócios brasileiros, ainda que com menor perfil de agregação de valor em relação a São Paulo, o maior aumento também foi dos semi-manufaturados (+48,54%, seguidos dos manufaturados (+14,70%) e dos produtos básicos (+6,84%). Os produtos básicos totalizando US$ 32,12 bilhões de janeiro a setembro de 2010, mostram a maior participação nas vendas externas setoriais (53,97%)(Tabela 6).
Esses indicadores mostram as diferenças estruturais dos agronegócios paulistas no contexto nacional, uma vez que 53,97% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios nos primeiros nove meses do ano de 2009 corresponderam, em nível nacional, a produtos básicos. Em São Paulo, os produtos básicos representam apenas 18,03% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (81,97%), evidenciando índices superiores de agregação de valor (Tabelas 5 e 6).
A quantidade exportada de produtos dos agronegócios brasileiros cresceu 2,7% de janeiro a setembro de 2010, quando comparada com ao mesmo período de 2009, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo aumentou de 6,1%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios cresceram 12,8% em nível nacional e 22,3% no âmbito de São Paulo (Tabela 7).
Entre
as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários
foi o grupo predominante de janeiro a setembro de 2010, representando 64,01% do
valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do
Estado de São Paulo, esse grupo tem participação, que embora menor (55,71% do
valor total), se mostra superior ao de bens de consumo (40,85%) (Tabela
8).
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¹Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.
²Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.
Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.
Data de Publicação: 13/10/2010
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor