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Preços Agropecuários: alta de 0,48% na primeira quadrissemana de maio
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 registrou pequena alta de 0,48% na primeira quadrissemana
de Maio de 2010. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de
origem animal) fecharam com variações positivas de 0,39% e de 0,71%,
respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1. Variação Percentual do IqPR,
Estado de São Paulo, 1ª Quadrissemana de Maio de 2010.
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Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). |
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, os índices IqPR e IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) apresentaram quedas acentuadas e encerraram com variações negativas na ordem de 1,32% e 3,26%, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 1ª Quadrissemana -Maio de 2010.
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Algodão |
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51,55 |
54,75 |
6,20 |
Amendoim |
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25,12 |
28,84 |
14,81 | |
Arroz |
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34,45 |
34,53 |
0,23 | |
Banana nanica |
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12,16 |
11,01 |
-9,45 | |
Batata |
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... |
... |
... | |
Café |
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258,53 |
263,24 |
1,82 | |
Cana-de-açúcar |
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348,43 |
359,10 |
3,06 | |
Feijão |
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96,43 |
125,74 |
30,39 | |
Laranja p/ Indústria IIndústria pp/indústria |
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8,95 |
9,12 |
1,81 | |
Laranja p/Mesa |
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20,02 |
15,54 |
-22,38 | |
Milho |
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14,75 |
14,89 |
0,96 | |
Soja |
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32,20 |
32,82 |
1,95 | |
Tomate p/ Mesa |
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37,07 |
26,88 |
-27,50 | |
Trigo |
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23,73 |
23,02 |
-2,99 | |
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Carne Bovina |
|
77,13 |
79,72 |
3,36 |
Carne de Frango |
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1,50 |
1,39 |
-7,45 | |
Carne Suína |
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50,80 |
51,38 |
1,14 | |
Leite B |
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0,79 |
0,83 |
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Leite C |
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0,72 |
0,76 |
4,32 | |
Ovos |
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38,72 |
38,42 |
-0,79 |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: feijão (30,39%), amendoim (14,81%), algodão (6,20%) e os leites tipos B e C (4,67% e 4,32% respectivamente) (Tabela 2).
Os preços recebidos pelos produtores paulistas de feijão continuam na sua escalada de alta. O abastecimento de feijão no Brasil dá-se por safras complementares e seqüenciais durante o ano, que iniciam com a colheita dos plantios das águas catarinenses, paranaenses e depois paulistas. No período de colheita da safra das águas, os preços não estiveram remuneradores e desestimularam (ou atrasaram) os plantios da safra subseqüente (período das secas), em especial em São Paulo e Paraná, gerando escassez que catapultaram os preços. E de imediato, até a colheita da safra da seca em curso e o plantio da safra de inverno, nada indica possibilidade de haver refluxo desta escalada altista. Ressalte-se que, nessa gangorra agora, o consumidor paga mais caro, mas a renda agropecuária bruta não se mostra maior.
No amendoim, os preços mais altos derivam dos impactos da redução da safra nacional, dada a queda estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em 22,9%, em relação à anterior. No Estado de São Paulo, estimativas do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) apontam redução de quase 25% da área plantada do amendoim das águas, devido principalmente à menor disponibilidade das áreas de renovação de canaviais. Junto a isso (mesmo com a existência de uma densa oferta na região de Jaboticabal), reforça a ascensão dos preços recebidos pelo produtor de amendoim no estado de São Paulo o incêndio que provocou a perda de cerca de 400 mil de sacas na cidade de Herculândia, na região de Tupã.
No caso do algodão, os preços internacionais dispararam dada a redução dos estoques, com o que os preços internos subiram mais que a valorização cambial. A oferta menor que o consumo da agroindústria têxtil brasileira deverá manter viés de alta para os preços da pluma nos próximos meses, dado o patamar da safra nacional que somente poderá ser redimensionada para cima no próximo ciclo produtivo. Este é o mesmo indicativo para o preço do produto paulista, uma vez que a agroindústria têxtil estadual é importadora líquida de pluma.
Para os leites B e C, o movimento altista vem do setor varejista, via transmissão para os elos a montante do fluxo produção-consumo de lácteos, num processo de repasse gradual dos reajustes (através dos contratos produtor-agroindústria). Este fator indica elevada possibilidade de continuidade do ciclo de alta do produto no Centro Sul do Brasil. Ressalte-se que as majorações se dão a partir de preços baixos e no momento em que se tem a perspectiva de inverno rígido.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas na primeira quadrissemana de maio foram: tomate para mesa (27,50%), laranja para mesa (22,38%), banana nanica (9,45%), carne de frango (7,45%) e trigo (2,99%) (Tabela 2).
A queda do preço do tomate reflete a entrada dos novos plantios. Estimulados pelos altos preços do início de março, produtores de várias regiões ampliaram suas áreas de cultivo, o que deve levar a nova queda acentuada de preços. Outros fatores que contribuíram para a queda do preço foram a diminuição do consumo devido ao alto preço no mercado varejista e a baixa qualidade do produto restante da safra de verão de Itapeva.
Na laranja de mesa, a queda dos preços se manifesta principalmente pela entrada da safra de vários tipos de frutas e pela redução de seu consumo nesse período de dias mais frios. Ademais, no mercado de laranja para indústria o sinal inverso reflete a preponderância das compras por contrato.
Na banana, o recuo dos preços decorre do início da normalização dos fluxos e da resistência dos consumidores que passaram a comprar menos dessa fruta em função da conjunção de preços altos para frutos de qualidade inferior. Além disso, a entrada da safra de outras frutas contribuiu para frear o ciclo de altas exacerbadas.
Na carne de frango, a ampla oferta, principalmente, da região de Bragança Paulista, aliada à queda da remuneração das exportações pela valorização cambial e à maior oferta de carne bovina barata, impulsionaram os preços para baixo. Por outro lado, os menores preços da carne de frango refletem também a redução dos custos de produção derivada dos preços de milho e soja que continuam em patamares muito baixos.
O trigo, no exato momento em que se inicia o plantio da safra nacional, tem seus preços recuados, frente a uma conjuntura de valorização cambial e oferta não restrita no mercado internacional. Esse fato pode formar expectativas pouco animadoras para o plantio do trigo brasileiro, cujos impactos poderão ser dimensionados de forma adequada na entrada do segundo semestre, quando a área plantada e o andamento da safra estarão definidos.
No período analisado, 13 produtos apresentaram alta de preços (9 origem vegetal e 4 de origem animal) e 6 apresentaram queda (4 vegetal e 2 animal).
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1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é
a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária
paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no
Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios
das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro
primeiras semanas (base), sendo a referência = 09/04/2010 a 08/05/2010 e base =
09/03/2010 a 08/04/2010.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 13/05/2010
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor