O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)^1,2 encerrou a segunda quadrissemana de Agosto de 2009 com variação negativa de 0,24%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou alta de 1,69% e o IqPR-A (produtos de origem animal) queda de 5,03% no período (Tabela 1).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR registra variação negativa de 0,10%, enquanto que o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) tem expressiva alta e fecha positivamente em 4,58% (Tabela 1).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: laranja para indústria (50,00%), tomate (33,40%), banana nanica (25,35%), amendoim (12,94%) e os leites tipo B (5,43%) e tipo C (5,11%) (Tabela 2).

            Para a laranja para indústria, o que está refletido no comportamento dos preços é o fato de que até agora prevalecia a variedade Hamlin e a passou-se a predominar a variedade Pêra do Rio, que dada a qualidade e produtividade do suco, tem preços maiores. Ressalte-se que para os citricultores sem contrato há enormes dificuldades de entrega na usina, a qualquer preço. Este último fato impacta diretamente o mercado de laranja de mesa, que mostra significativa queda de preços.

            No caso do tomate, o clima da última quinzena de junho (frio e chuvoso) prejudicou a produção reduzindo a oferta do produto, acarretando o aumento das cotações.

            Nos dias iniciais de agosto, o clima característico de baixa umidade relativa do ar e temperaturas altas aparentemente estimulou os preços da banana enquanto, por outro lado, as frutas produzidas no inverno apresentam tamanho e peso menores, configurando menor produtividade e menor oferta.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de agosto foram: laranja para mesa (32,31%), carne suína (18,24%), batata (16,70%), ovos (15,49%), feijão (12,50%) e carne de frango (11,72%) (Tabela 2).

            Para a laranja de mesa, o que vem contribuindo para a queda das cotações é o efeito da crise setorial, associa-se a isso o tradicional menor consumo de sucos caseiros nos meses de inverno. Mas nada se compara aos impactos da entrada de uma parte da laranja para indústria destinada para o consumidor, devido aos baixos preços praticados pelas indústrias processadoras.

            As incertezas sobre a gripe A (H1N1) fizeram com que o consumo de carne suína diminuísse, afetando os produtores de todo o país. O fato de associar a nova gripe com a doença no porco pesou no mercado. Mesmo com as temperaturas mais baixas e com o início do mês, quando a procura aumenta, a demanda por carne suína não tem se aquecido, acarretando redução das cotações da carne suína.

            A decisão de alguns Estados de adiarem a volta às aulas por causa da gripe A gerou um efeito inesperado sobre o mercado de carnes. Os preços do boi e do frango, que normalmente sobem nesta época do ano com o retorno às aulas após as férias, estão em queda.

            No feijão, além da pressão menor do consumo, há a entrada pontual da colheita dos primeiros plantios após a safra das secas. A questão de consumo reflete, em grande parte, o postergamento do retorno às aulas comprometendo as aquisições institucionais para merenda escalar.

            O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços mostra uma recuperação em relação à quadrissemana anterior, quando o IqPR (ainda negativo) e o IqPR-V subiram 1,7 e 2,4 pontos percentuais, respectivamente. Esta recuperação se deve, em grande parte, às variações positivas da laranja para indústria, do tomate para mesa e da banana. Já o IqPR-A continua com tendência de queda, recuando 0,3 ponto percentual. (Figura 1).

            No período analisado, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de animal) e 12 apresentaram queda (8 de origem vegetal e 4 de origem animal).
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¹ A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de ^{Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/07/2009 a 15/08/2009 e base = 16/06/2009 a 15/07/2009.}

² Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>