Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecham com variação negativa de 2,49% e 0,34%, respectivamente (Tabela 1).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: laranja para indústria (35,00%), amendoim (14,57%), banana nanica (13,24%) e os leites tipo B (5,09%) e tipo C (4,71%) (Tabela 2).

            Para a laranja para indústria, a alta é em virtude do inicio da colheita de variedade de melhor qualidade para produção de suco e por conta da expectativa de menor safra na Flórida.

            Nos dias iniciais de agosto, o clima característico de baixa umidade relativa do ar e temperaturas altas aparentemente estimulou os preços da banana.

            O amendoim continua apresentando comportamento atípico em relação ao seu padrão de variação estacional. As festas em junho e julho caracterizam o pico de demanda e deveriam refletir no aumento de preços do produto, entretanto não ocorreu, agora no final do período destas festas, quando as cotações normalmente recuam, registrou-se um aumento. Os fatores que podem explicar este comportamento são: a boa produção (no caso da queda) e as expectativas em relação às exportações brasileiras dos produtos a base de amendoim (no caso da alta).

            As altas nas cotações dos leites (tipo B e C) são em virtude da oferta menor, já que as pastagens estão com baixa qualidade em virtude do clima desfavorável, típica do período. Esta tendência de alta deve persistir ainda por várias semanas até o final do período de entressafra. Entretanto sem pressionar os preços no varejo, já os valores no mercado varejista já estão altos e no limite daqueles que os consumidores se dispõem a pagar sem reduzir o consumo.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na primeira quadrissemana de agosto foram: laranja para mesa (30,75%), carne suína (21,18%), ovos (17,90%), batata (15,22%), carne de frango (8,95%) e feijão (8,19%) (Tabela 2).

            Para a laranja de mesa, o que vem contribuindo para a queda das cotações é o efeito safra, associado ao tradicional menor consumo de sucos caseiros nos meses de inverno e também a entrada de uma parte da laranja para indústria destinada para o consumidor, devido aos baixos preços praticados pelas indústrias processadoras, em função da significativa redução da demanda dos principais países importadores do suco brasileiro.

            As incertezas sobre a gripe A (H1N1) fizeram com que o consumo de carne suína diminuísse, afetando os produtores de todo o país. O fato de associar a nova gripe com a doença no porco pesou no mercado. Mesmo com as temperaturas mais baixas e com o início do mês, quando a procura aumenta, a demanda por carne suína não tem se aquecido, acarretando redução das cotações da carne suína.

            A decisão de alguns Estados de adiarem a volta às aulas por causa da gripe A gerou um efeito inesperado sobre o mercado de carnes. Os preços do boi e do frango, que normalmente sobem nesta época do ano com o retorno às aulas após as férias, estão em queda.

            Para os ovos, a queda dos preços é decorrência da redução de demanda, tanto na agroindústria de massas e panificação como no consumo direto, entretanto na última semana do período as cotações voltaram a subir.

            No feijão, além da pressão menor do consumo, há a entrada pontual da colheita dos primeiros plantios após a safra das secas.

            O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços, que apesar de negativos nesta quadrissemana mostram uma recuperação em relação à quadrissemana anterior para o IqPR e o IqPR-V que subiram 2,2 e 3,9 pontos percentuais, respectivamente. Já o IqPR-A continua com tendência de queda recuando 1,7 ponto percentual. Parte desta recuperação se deve, em grande parte, à variação positiva da laranja para indústria e da queda menos acentuada dos preços da cana de açúcar (Figura 1).

No período analisado, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de animal) e 12 apresentaram queda (8 de origem vegetal e 4 de origem animal).
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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 09/07/2009 a 08/08/2009 e base = 09/06/2009 a 08/07/2009.

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>