Os produtos do IqPR que registraram altas no mês de Julho, em comparação com o mês anterior, foram: amendoim (20,95%), feijão (6,70%), leites B (4,89%) e C (4,35%) e banana nanica (0,62%) (Tabela 2).

            O amendoim continua apresentando comportamento atípico em relação ao seu padrão de variação estacional. As festas em junho e julho caracterizam o pico de demanda e deveriam refletir no aumento de preços do produto, entretanto não ocorreu, agora no final do período destas festas, quando as cotações normalmente recuam, registrasse um aumento. Os fatores que podem explicar este comportamento são: a boa produção (no caso da queda) e as expectativas em relação às exportações brasileiras dos produtos a base de amendoim (no caso da alta).

            No caso do feijão, cujos preços vêm se recuperando a várias quadrissemanas, trata-se do reflexo da persistência de preços muito baixos desde o início de 2009. Como o abastecimento do mercado interno se dá pela sucessão de safras complementares, praticadas em diversas e diferentes regiões brasileiras, o preço baixo que sequer remunerava os custos de produção levaram a plantio reduzido, em especial dos produtores mais modernos, com o que houve redução da oferta. A cotação observada nesta quadrissemana pode ser considerada no patamar de normalidade, com os preços cobrindo os custos de produção com remuneração razoável do produtor. Ressalte-se que quando tinha produto o produtor não tinha preço e agora tem preço e não tem o produto, ou seja, sua renda bruta se mostra menor em qualquer das circunstâncias.

            As altas nas cotações dos leites (tipo B e C) são em virtude da oferta menor, já que as pastagens estão com baixa qualidade em virtude do clima desfavorável, típica do período. Esta tendência de alta deve persistir ainda por várias semanas até o final do período de entressafra. Entretanto sem pressionar os preços no varejo, já os valores no mercado varejista já estão altos e no limite daqueles que os consumidores se dispõem a pagar sem reduzir o consumo.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no mês de Julho foram: laranja para mesa (29,26%), tomate (26,40%), carne suína (18,01%), ovos (15,41%) e batata (8,59%) (Tabela 2).

            Para a laranja de mesa o que vem contribuindo para a queda das cotações é o efeito safra, associado ao tradicional menor consumo de sucos caseiros nos meses de inverno e também a entrada de uma parte da laranja para indústria destinada para o consumidor, devido aos baixos preços praticados pelas indústrias processadoras em função da significativa redução da demanda dos principais países importadores do suco brasileiro .

            No caso do tomate as quedas se devem a concentração das colheitas em julho, entretanto os preços já começaram a reagir consideravelmente na última semana do mês.

            Para os ovos, a queda dos preços é decorrência da redução de demanda, tanto na agroindústria de massas e panificação como no consumo direto.

            Em Julho, dos produtos analisados apenas 5 apresentaram alta de preços (3 de origem vegetal e 2 de origem animal) e 14 apresentaram queda (10 de origem vegetal e 4 de origem animal).

            Na comparação dos preços de Julho de 2009 com o mesmo período do ano anterior, somente 2 produtos tiveram variações positivas e 17 variações negativas. As altas registradas no período foram: cana de açúcar (14,68%) e batata (16,87%). Já as maiores quedas (variações negativas) foram verificadas nas cotações do tomate para mesa (58,77%), feijão (48,57%), amendoim (44,42%), laranja para mesa (39,76%) e carne suína (39,11%) (Tabela 2). Assim, observa-se claramente uma queda expressiva das cotações no último ano, somente não sendo maior em virtude da boa valorização da cana de açúcar, que é o mais importante produto agrícola do Estado. 
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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/07/2009 a 31/07/2009 e base = 01/06/2009 a 30/06/2009.

^²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573< /A>