Preços Agropecuários: queda de 1,98% na segunda quadrissemana de julho

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou a segunda quadrissemana de Julho de 2009 com variação negativa de 1,98%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou queda de 3,93%, enquanto que o IqPR-A (produtos de origem animal) teve alta de 2,86% no período (Tabela 1).

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Julho de 2009.

São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
-1,98 % 
-1,59 % 
IqPR-V
-3,93 % 
-5,81 % 
IqPR-A
2,86 % 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecham com variação negativa de 1,59% e 5,81%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana - Julho de 2009.

Origem
Produto
Unidade
Cotações (R$)
Variação quadrissemanal (%)
2ª Junho/09
2ª Julho/09
VEGETAL
VEGETAL
Algodão 15 kg
41,97
39,85
-5,06
Amendoim sc.25 kg
15,99
17,03
6,49
Arroz sc.60 kg
37,21
34,93
-6,14
Banana nanica cx.21 kg
8,63
8,19
-5,09
Batata sc.60 kg
53,33
47,30
-11,31
Café sc.60 kg
251,53
238,50
-5,18
Cana-de-açúcar  t de ATR
293,35
285,88
-2,55
Feijão sc.60 kg
77,86
90,00
15,60
Laranja p/ Mesa  cx.40,8 kg
11,74
9,27
-21,05
Milho sc.60 kg
18,87
18,10
-4,09
Soja sc.60 kg
47,24
46,50
-1,57
Tomate p/ Mesa cx.22 kg
22,87
20,89
-8,68
Trigo sc.60 kg
31,00
30,20
-2,58
ANIMAL
Carne Bovina 15 kg 
78,93
79,30
0,47
Carne Frango (vivo) Kg 
1,75
1,90
8,57
Carne Suína 15 kg 
41,17
47,28
14,83
Leite B litro
0,76
0,81
5,31
Leite C litro
0,71
0,76
6,52
Ovos 30 dz
45,24
42,76
-5,48

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: feijão (15,60%), carne suína (14,83%), carne de frango (8,57%) e leite tipo C (6,52%) (Tabela 2).

            No caso do feijão, cujos preços vêm se recuperando a várias quadrissemanas, trata-se do reflexo da persistência de preços muito baixos desde o início de 2009. Como o abastecimento do mercado interno se dá pela sucessão de safras complementares, praticadas em diversas e diferentes regiões brasileiras, o preço baixo que sequer remunerava os custos de produção levaram a plantio reduzido, em especial dos produtores mais modernos, com o que houve redução da oferta. Conquanto nesta quadrissemana o preço de R$ 90,00 por saca de 60 kg possa ser considerado no patamar de normalidade, em termos de rentabilidade, a perspectiva é de continuidade da alta. Assim, o consumidor que estava sendo beneficiado por preços muito baixos do produto vai acabar pagando preços cada vez maiores. Ressalte-se que quando tinha produto o produtor não tinha preço e agora tem preço e não tem o produto, ou seja, sua renda bruta se mostra menor em qualquer das circunstâncias.

            A carne suína vem apresentando alta, acompanhando o mercado de produtos de origem animal, porém, agora com menor intensidade. Esse aumento de preço decorre da reabertura de alguns mercados no exterior e da superação das desconfianças do consumidor interno, face à recente epidemia mundial de gripe.

            A retração da produção de carne de frango pelos produtores, fez diminuir a oferta do produto no mercado, motivando assim o aumento nas cotações no período, também pressionadas, do lado dos custos, pelas elevações dos preços da soja e do milho nos períodos anteriores.

            As altas nas cotações dos leites (principalmente o tipo C) são em virtude da diminuição da oferta do produto, já que as pastagens estão com baixa qualidade em virtude do clima desfavorável, típica do período. Esta tendência de alta deve persistir ainda por várias semanas até o final do período de entressafra, entretanto o que não se pode precisar é a magnitude deste aumento.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de julho foram: laranja para mesa (21,05%), batata (11,31%), tomate (8,68%), arroz (6,14%), e ovos (5,48%) (Tabela 2).

            Para a laranja de mesa o que vem contribuindo para a queda das cotações é o efeito safra, associado ao tradicional menor consumo de sucos caseiros nos meses de inverno e também a entrada de uma parte da laranja para indústria destinada para o consumidor, devido aos baixos preços praticados pelas indústrias processadoras.

            A queda nas cotações da batata reflete a boa oferta do produto, oriundo das diversas regiões que abastecem o mercado paulista, onde já está no seu final a colheita da safra das secas.

            No arroz, a queda dos preços reflete a entrada do produto gaúcho. As perspectivas para os meses seguintes dependem do ritmo da evolução do consumo, uma vez que se mantida a tendência de crise de emprego afetando a demanda, os estoques públicos e privados funcionarão neste caso como pressão para queda de preços.

            Para os ovos, a queda dos preços é decorrência da redução de demanda, tanto na agroindústria de massas e panificação como no consumo direto.

Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de dezembro de 2008 à 2ª quadrissemana de julho de 2009. 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços continua com tendência de queda, retrocedendo significativamente em relação à quadrissemana anterior: o IqPR recuou 1,1 ponto percentual, o IqPR-V 0,4 ponto percentual e o IqPR-A (apesar de positivo) 2,6 pontos percentual. Estes recuos se devem, em grande parte, às variações negativas registradas nos produtos de origem vegetal, principalmente a cotação da cana-de-açúcar, batata e da laranja. Para os produtos de origem animal, somente os ovos tiveram variação negativa e os demais produtos apresentarem variações positivas, porém menores em relação à primeira quadrissemana de julho (Figura 1).

            No período analisado, 7 produtos apresentaram alta de preços (2 de origem vegetal e 5 de animal) e 12 apresentaram queda (11 de origem vegetal e apenas 1 de origem animal).

_______________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/06/2009 a 15/07/2009 e base = 16/05/2009 a 15/06/2009.

2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 21/07/2009

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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