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Valor da Produção da Indústria Rural Paulista decresceu 2,83 % em 2005
Dimensionar e avaliar a importância da indústria rural no Estado de São Paulo quanto à geração de renda e de emprego foi o objetivo da realização, em 2006, pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), do 5º levantamento de dados relativos às atividades de beneficiamento agrícola realizadas nas propriedades paulistas no ano anterior1.
O percentual da renda total nas UPAs, obtido com a atividade industrial
concentrou-se no estrato de 80,1% a 100%, isto é, 802 UPAs obtiveram entre 80,1%
e 100% de sua renda anual com a indústria rural, enquanto 739 UPAs situaram-se
no estrato de 60,1% a 80%. Pode-se inferir, portanto, que mais da metade do
total das UPAs (53%) pesquisadas, respondentes desse item, dependeram, em 2005,
em mais de 60%, da renda gerada pela indústria rural para sua manutenção. As
demais distribuíram-se nos estratos de até 20%, totalizando 743 UPAs, e de 20,1%
a 60% com 623 UPAs (Tabela 2).
Com relação ao percentual da matéria-prima produzida na própria UPA e utilizada
na atividade de beneficiamento, cerca de 71,0% das UPAs respondentes desse item
utilizaram de 90,1% a 100% da sua própria matéria-prima; apenas 30% recorreram a
produções de terceiros, em percentuais que variaram de 20,1% a 90% do total
industrializado na UPA (Tabela 3).
Quanto ao destino da produção da Indústria Rural, aproximadamente um quarto
(24,0%) do total das UPAs respondentes realizaram vendas diretas,
comercializando suas produções na própria UPA, enquanto 33,7% delas
comercializaram o produto processado junto a atacadistas, invertendo a situação
relativa aos canais de comercialização observada no ano anterior. Já, cerca de
21,0% das UPAs destinaram suas produções aos supermercados e mercearias dos
centros urbanos mais próximos, praticamente o mesmo percentual observado em
2004. A venda para outra indústria foi bem menos expressiva, informada por
apenas 2,6% do total de UPAs, contra 3,2% do ano anterior. Apenas 10,5% das UPAs
comercializaram seus produtos junto a associações que, em 2004, haviam
comercializado quase 25% do total produzido, perdendo, portanto, importância
como via de escoamento da produção da indústria rural. O inverso ocorreu com
relação à venda para cooperativas, que absorveram as produções de 8,3% das UPAs
em 2005, contra apenas 2,0% observado em 2004 (Tabela 4).
No Estado de São Paulo, a principal empregadora de mão-de-obra em atividades
não-agrícolas (industriais, administrativas e serviços) é a atividade industrial
(considerando-se também o emprego em usinas de açúcar e álcool, grandes usinas
processadoras de leite, olarias,etc.) com 91,9 mil pessoas3.
A pesquisa sobre a Indústria Rural Paulista - definida como o beneficiamento ou a transformação, em bases artesanais, de matérias-primas vegetais ou animais, próprias ou adquiridas de outros produtores nas propriedades rurais para a venda externa - foi, a exemplo das anteriores, incluída no levantamento de previsão e estimativas de safras de junho de 2006, efetuado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Foi solicitado aos produtores ou responsáveis pelos imóveis rurais respostas a cinco questões básicas, relativas ao: 1) valor anual da produção comercializada com base em matéria-prima agrícola; 2) percentual da matéria-prima na atividade de beneficiamento, produzido na própria UPA; 3) percentual da renda total da UPA obtido com as atividades da Indústria Rural; 4) destino do produto processado na UPA; e 5) ocupação e emprego na indústria rural2.
Como resultado, foram contabilizadas 3.172 UPAs, desenvolvendo atividades industriais em 2005, responsáveis pela obtenção de R$258.915.709,14 em termos de valor da produção. As atividades de torrefação e moagem de café e de leite pasteurizado foram as que mais contribuíram para esse total, com percentuais de 42,04% e 25,65%, respectivamente. Dentre as demais, destacaram-se: processamento de frutas e sucos (6,3%), produção de queijos, iogurte, manteiga, creme e doce de leite (3,2%) e processamento de madeira (2,4%), sendo que o item outros, que inclui packing-house, atingiu percentual elevado, de 14,0%. Cabe ressaltar que, em 2004, as atividades de fabricação de embutidos e defumados e de açúcar mascavo, melado e rapadura, que não haviam sido declaradas pelos produtores abrangidos pela amostra, surgiram em 2005, como responsáveis por 0,19% e 1,81%, respectivamente, do valor total produzido no estado. Comparado a 2004, o decréscimo do valor da produção foi de 2,83%, em valores correntes (Tabela 1).
Fonte:
IEA/CATI.
Atividade Doces, comp., gel., cons., pães, roscas, bol. Queijos, iogurte, mant., creme e doce de leite Mel Pescado Processamento de hortaliças Processamento de frutas, sucos Farinhas e polvilho Torrefação e moagem de café Aguardente Leite pasteurizado Processamento de madeira
Processamento de
cereais
Embutidos e
defumados
Açúcar mascavo,
melado e rapadura
Fumo
Outros
(inclusive Packing- house)
Total
Fonte:
IEA/CATI.
Limite
(%)
80,
1-100
60,
1-80
20,
1-60
até
20
Total
Fonte:
IEA/CATI.
Limite
(%)
90,
1-100
20,
1-90
até
20
Total
(continua)
¹A mesma UPA
pode ter informado mais de um destino.
Limite
0-5
5,1-10
10,1-15
15,1-20
20,1-30
30,1-50
50,1-80
80,1-100
Total
Part.
%
Fonte: IEA/CATI.
(conclusão)
¹A mesma UPA
pode ter informado mais de um destino.
Limite
0-5
5,1-10
10,1-15
15,1-20
20,1-30
30,1-50
50,1-80
80,1-100
Total
Part.
%
Fonte: IEA/CATI.
Na produção industrial rural paulista ocuparam-se 14.233 pessoas em 2005, em
média 4,5 pessoas por UPA produtora. Desse total, 44,5% residem na UPA. Dos
trabalhadores residentes nas UPAs, 81,6% são proprietários (incluindo familiares
e agregados) e 14,2% são empregados permanentes. A categoria de parceiros
representou 4,1%, enquanto a dos empregados temporários não apresentou registro.
Ao se avaliar o total de dias trabalhados no ano para as diferentes categorias
de trabalho, a maior média ocorreu para os parceiros (365 dias), seguido de
proprietários (212 dias) e depois empregados permanentes (208 dias) (Tabela
5).
Os trabalhadores não residentes nas UPAs totalizaram 7.893, com maior
representatividade dos empregados permanentes (50,2%), e a seguir dos empregados
temporários (25,1%), porém, o total de dias trabalhados no ano é menor para os
temporários (88 dias).
Observou-se queda na ocupação em atividades da indústria rural em 2005 com
relação a 2004. Sobre esse fato, deve-se ressaltar o decréscimo do valor da
produção da indústria rural em 2005, bem como o crescimento da demanda por
trabalhadores na agroindústria sucroalcooleira decorrente da expansão desse
segmento da agropecuária paulista.
Tabela 5 - População
Ocupada na Indústria Rural, por Categoria, 2004 e 2005
(continua)
Categoria | ||||||||||||||||||||
N. |
% |
N. |
% |
2004 |
2005 |
Dias-homem |
% |
Dias-homem |
% | |||||||||||
Residente na UPA | ||||||||||||||||||||
Proprietário, familiares e agregados |
8.424 |
66,3 |
5.174 |
81,6 |
274 |
212 |
2.308.176 |
64,4 |
1.417.676 |
80,8 | ||||||||||
Parceiro, sócio, familiares e agregados |
273 |
2,2 |
263 |
4,1 |
247 |
365 |
67.431 |
1,9 |
64.961 |
3,7 | ||||||||||
Empregados permanentes |
4.000 |
31,5 |
903 |
14,2 |
302 |
208 |
1.208.000 |
33,7 |
272.706 |
15,5 | ||||||||||
Empregados temporários |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- | ||||||||||
Subtotal | 12.697 |
100,0 |
6.340 |
100,0 |
- |
- |
3.583.607 |
100,0 |
1.755.343 |
100,0 | ||||||||||
Categoria | ||||||||||||||||||||
N. |
% |
N. |
% |
2004 |
2005 |
Dias-homem |
% |
Dias-homem |
% | |||||||||||
Não residente na UPA | ||||||||||||||||||||
Proprietário, familiares e agregados |
3.328 |
30,8 |
1.786 |
22,6 |
288 |
224 |
958.464 |
34,5 |
400.064 |
22,8 | ||||||||||
Parceiro, sócio, familiares e agregados |
- |
- |
168 |
2,1 |
- |
220 |
- |
- |
36.960 |
2,2 | ||||||||||
Empregados permanentes |
5.065 |
46,9 |
3.963 |
50,2 |
290 |
288 |
1.468.850 |
52,8 |
1.141.344 |
65,1 | ||||||||||
Empregados temporários |
2.414 |
22,3 |
1.976 |
25,1 |
146 |
88 |
352.444 |
12,7 |
173.888 |
9,9 | ||||||||||
Subtotal | 10.807 |
100,0 |
7.893 |
100,0 |
- |
- |
2.779.758 |
100,0 |
1.752.256 |
100,0 | ||||||||||
Total | 23.504 |
- |
14.233 |
- |
- |
- |
6.363.365 |
- |
3.507.599 |
- |
Os levantamentos sócio-econômicos sobre a indústria rural paulista têm sido realizados desde junho de 2003, referentes ao ano de 2002, quantificando os montantes de emprego e renda gerados pelas principais atividades industriais rurais do Estado de São Paulo.
_____________________________________
1No conceito de Indústria
Rural, as grandes agroindústrias como as usinas de açúcar, destilarias de
álcool, extratoras de suco de laranja, fábricas de laticínios e outras grandes
instalações não estão incluídas.
2Para estimar os totais sobre as atividades da
indústria rural no Estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é
composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e sorteada com base
no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da CATI,
conhecido por Projeto LUPA (1995/96).
3BAPTISTELLA, C.S.L.Ocupação
No Rural Paulista Cresce 0,4% Em 2006, Para 1,056 Milhão De Pessoas. Disponível
em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=8679.
Palavras-chave: indústria rural, mão-de-obra na indústria rural.
Data de Publicação: 04/12/2007
Autor(es):
Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor