A ocupação e o emprego no rural paulista em 2003

            Em junho de 2003, a ocupação de mão-de-obra agrícola caiu 9,3% (1.051.438 pessoas) no Estado de São Paulo, em relação ao mesmo período do ano anterior (1.158.962 pessoas). Para as categorias de residentes nas unidades de produção agropecuária (UPA), a queda foi ainda maior: 10,3% (de 541.307 para 485.732). Já os não-residentes tiveram redução de 8,4% (de 617.655 para 565.706). É o que mostram os indicadores atuais sobre o mercado de trabalho rural paulista2, relativos ao período 2002/03, destacando não apenas a ocupação em atividades agrícolas e não-agrícolas como também o comportamento dos salários rurais (tabela 1).

TABELA 1 - Estimativa da População Trabalhadora em Atividades Agrícolas, Residente e Não-Residente nas UPAs, Estado de São Paulo, junho de 2002 a junho de 2003
 

Categoria Junho de 2002 Novembro de 2002 Junho de 2003
Número % Número % Número %
Residente
Proprietário1 241.804 44,7 235.381 41,1 224.366  46,2
Administrador 25.420 4,4 -
Arrendatário1 20.535 3,8 21.490 3,8 22.108  4,6
Parceiro1 56.597 10,5 38.700 6,8 50.688  10,4
Assalariado2 222.371 41,0 234.152 40,9 188.570  38,8
Outros 17.729 3,0 -
Subtotal 541.307 100,0 572.872 100,0 485.732  100,0
Não-Residente
Proprietário1 156.663 25,4 174.506 25,4 145.905  25,8
Arrendatário1 29.718 4,8 37.573 5,4 26.637  4,7
Parceiro1 18.383 2,9 18.473 2,7 22.971  4,1
Assalariado2 160.987 26,1 200.143 29,1 138.080  24,4
Volante 251.904 40,8 256.880 37,4 232.113  41,0
Subtotal 617.655 100,0 687.575 100,0 565.706  100,0
Total 1.158.962 - 1.260.447 - 1.051.438  -
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
1Engloba os familiares que auxiliam no trabalho.
2Engloba administrador (exceto em novembro), mensalista, diarista, tratorista, etc.

            Algumas alterações na safra agrícola paulista 2002/03 merecem destaque, devido à importância desses cultivos na ocupação de mão-de-obra. A produção estimada de café diminuiu 39,0% em relação a 2001/02. Também são esperados decréscimos nas produções de laranja (7,9%), arroz (1,5%), amendoim (5%), cebola (8,3%), mamona (33,3%) e mandioca (13,8%).
            Por outro lado, acréscimos estão previstos em algodão (17%), milho somado ao milho safrinha (10,3%), soja somada à soja safrinha (4,8%), trigo (82,1%) e, em menor escala, batata (1,7%), feijão (0,5%) e tomate (0,3%). A produção de cana-de-açúcar manteve percentual de acréscimo próximo ao da safra anterior (5%)3.
            No caso das frutíferas, acréscimos de produção foram observados em mamão, abacaxi, figo para mesa, mexerica, murcote, tangerina, limão e uva para indústria. Decresceram as produções de abacate, caqui, goiaba, manga, pêssego para mesa, poncã e uva para mesa.
            Com relação aos residentes nas UPAs, proprietários e seus familiares e assalariados em geral (categorias mais representativas quantitativamente) apresentaram juntos decréscimo de 51,2 mil pessoas ocupadas (-11,0%). Quanto aos parceiros, a redução foi de quase 6 mil pessoas (-10,4%). Porém, o total de parceiros foi superior em junho de 2003 quando comparado com novembro de 2002 (50.688 frente a 38.700). De forma diversa, a categoria arrendatários e familiares mostrou crescimento de 7,7% no total ocupado (de 21.490 para 22.108).
            Para a categoria de assalariados não-residentes (exceto volantes), a queda no emprego foi maior tanto em valores absolutos (-22,9 mil pessoas) quanto em valores relativos (-14,2%). Proprietários e arrendatários também tiveram a ocupação reduzida respectivamente em 6,9% e 10,4%. Em contrapartida, o total de parceiros não-residentes cresceu 25,0%, ou seja, 4,6 mil pessoas.
            A queda de 7,9% na ocupação de volantes representou 19,8 mil trabalhadores a menos. Esta é a categoria que apresenta as relações de trabalho mais precárias, muitas vezes sem registro em carteira, conseguindo trabalho de forma irregular e com deslocamentos freqüentes em direção aos ciclos de colheita das grandes culturas.

Salários rurais

            Com relação aos salários rurais no período de abril de 2002 a abril de 2003, observa-se que a maior queda em valores reais foi verificada nos administradores (4,8%), entre as 6 categorias levantadas4. Em seguida, aparecem os mensalistas (4,3%), tratoristas (4,2%), e capatazes (2,8%). Diaristas e volantes tiveram as diárias reduzidas respectivamente em 3,2% e 2,3% em valores reais (tabela 2).

Tabela 2. Salários Médios Rurais, por Categoria, Estado de São Paulo, 2002-2003
 

CATEGORIAS
Abr./02
Nov./02
Abr./03
Abr.03/Abr.02
Diarista a Seco
13,67
13,36
13,23
-3,2
Volante2
14,11
13,92
13,78
-2,3
Administrador3
613,88
603,09
584,42
-4,8
Tratorista3
414,23
405,01
396,89
-4,2
Mensalista3
310,21
302,60
296,92
-4,3
Capataz3
429,73
408,84
417,89
-2,8
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).
1Em Reais de abril de 2003, deflacionado pelo IPCA-IBGE
2Valores expressos em R$/dia
3Valores expressos em R$/mês.

Ocupação em atividades não agrícolas

            Informações obtidas recentemente têm evidenciado o crescimento do número de pessoas ocupadas em atividades não-agrícolas nas UPAs, mostrando o dinamismo nas áreas industriais e de serviços no rural paulista. Foram 118,9 e 122,8 mil pessoas, respectivamente, em junho de 2002 e junho de 2003 (aumento de 3,3%). A maior parcela correspondeu ao emprego em atividades industriais (75,2%). Além dessas pessoas, outras 14,8 mil residentes nas UPAS empregaram-se em atividades de serviços e industriais na cidade (tabela 3).

TABELA 3. Estimativa da População Trabalhadora em Atividades Econômicas Rurais Não Agrícolas, Estado de São Paulo, 2002-2003
 

Setor
Junho de 2002
Novembro de 2002
Junho de 2003
Número % Número % Número %
Atividades Industriais1
92.478
77,8
105.151 
84,2
92.363 
75,2
Atividades Administrativas2
18.605
15,6
7.357 
5,9
18.738 
15,2
Prestação de Serviços3
7.838
6,6
12.325 
9,9
11.752 
9,6
Sub Total
118.921
100,0
124.833 
100,0
122.853 
100,0
Atividades Industriais e de 
Serviços na cidade
10.415
-
19.745 
-
14.846 
-
Total
129.336 
-
144.578 
-
137.699 
-
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
1 Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em usina de açúcar, de leite, olarias, etc.
2 Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em empresas agroindustriais.
3 Pessoas residentes ou não na UPA ocupadas em pesqueiros, hotelaria, turismo, etc.

            Os indicadores sobre mercado de trabalho no rural, juntamente com outras variáveis sócio-econômicas, permitem avaliar e analisar o agronegócio paulista sob diferentes aspectos, com a finalidade de subsidiar políticas e programas para o desenvolvimento do setor. Para atender à demanda por essas informações, este mês será realizado outro levantamento de dados, possibilitando assim obter estimativas para um período do ano com atividades agrícolas diversas de junho.

1 As autoras agradecem à estagiária Mariana Xaubet Ferreira e ao Analista de Sistema Arnaldo Lopes Júnior.

2Para estimar o total de pessoas ocupadas nas atividades rurais do Estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e foi sorteada com base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado pela SAA por meio do IEA e da CATI e conhecido por Projeto LUPA.

3CASER, D. V. et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2002/03,
5° levantamento, junho de 2003. Disponível em < http://www.iea.sp.gov.br/ >. Acesso em 20/10/2003.

4As informações são obtidas por meio de levantamento subjetivo, realizado junto aos técnicos das Casas de Agricultura de todos os municípios do Estado de São Paulo, nos meses de abril e novembro. O levantamento abrange seis categorias de trabalho: administrador, tratorista, mensalista, capataz, diarista e volante.

 

Data de Publicação: 11/11/2003

Autor(es): Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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