O avanço da produção orgânica, historicamente, tem encontrado a grande barreira da falta de recursos para viabilizar a orientação técnica para fomento junto aos produtores que, por sua vez está também cerceada pela falta de recursos para desenvolvimento do conhecimento técnico científico que dê fundamento a esta ação.
            Esta limitação sempre existiu mas ficou mais evidente nos últimos tempos em função da expansão da demanda e do interesse dos produtores atraídos por razões de 'consciência 'mas também pelo ágio econômico que atualmente existe nestes mercados.
            A expansão da demanda está trazendo recursos para o desenvolvimento da pesquisa e da extensão na agricultura orgânica. O desafio que então agora se coloca é como reunir o conhecimento que está quase que exclusivamente dentro do movimento orgânico com a capacidade de ação dos órgãos públicos.
            A capacidade de fazer esta articulação vai depender fundamentalmente da capacidade do movimento social em se fazer ouvir pelo Estado, conseguindo que as pessoas capacitadas sejam as designadas ou dirigindo a 'revolução' na metodologia de trabalho que pressupõe: diagnóstico participativo, abordagem por sistemas de produção, pesquisa e extensão integradas, pesquisa participativa, reconhecimento do saber do produtor, ação local e política descentralizada, aceitação do princípio do 'aprender-fazendo'; compreensão da importância da organização social como fundamental para troca de experiências e de produtos para superar as dificuldades de um setor em formação.
            Neste encontro de David e Golias, somente a ventura de reunir seres humanos capazes de compreender a magnitude do desafio individual, contido no engajamento pela 'revolução' de seus próprios valores, é que poderá vir a permitir a construção das condições necessárias para a transformação coletiva do paradigma tecnológico dominante.