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Previsão e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2011/12, Junho de 2012
                    
             Os 
resultados finais, para a grande parte das lavouras de maior expressão econômica 
no Estado de São Paulo, foram obtidos no levantamento, pelo método 
subjetivo2, realizado nos municípios paulistas, no período de 1 a 25 
de junho de 2012, pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria 
de Assistência Técnica Integral (CATI) (Tabela 1).              Com 
base nos resultados, a colheita de grãos nesta safra deve somar 7,04 milhões de 
toneladas, o que representa acréscimo de 10% em relação ao ano agrícola 
anterior. Essa variação no agregado se deve aos ganhos de produtividade, às 
condições climáticas que não chegaram a comprometer a produção, à tecnologia 
aplicada no campo e a um pequeno aumento de 2,5% de área plantada. 
             Para 
a elaboração dos índices que refletem a evolução da agricultura paulista no ano 
agrícola 2011/12 em comparação ao de 2010/11, foram selecionadas as atividades 
agrícolas mais significativas em valor da produção. Os resultados agregados 
indicam crescimento na produtividade da terra de 2,58%, resultando em 2,83% a 
mais no volume a ser produzido e em área plantada de 1,41% superior à safra 
passada. Tal fato reforça que a agricultura paulista avança graças à 
produtividade da terra, pois tem garantido safras cada vez maiores, sem contudo 
expandir demais a área plantada.              O 
conjunto das culturas anuais apresenta acréscimo na produção (7,61%) e na 
produtividade da terra (4,85%), e crescimento mais modesto da área plantada 
(2,63%). Para os grãos, o comportamento é similar. Aumentos são esperados para 
produção (8,24%), para produtividade (5,58%) e para área plantada (2,52%), por 
conta especialmente da cultura do milho safrinha e do amendoim das águas, com 
menor participação.              
Quando são consideradas as culturas perenes e semiperenes, observam-se aumentos 
menos acentuados que as culturas anuais, registrando 2,08% para a produção, 
2,52% para a produtividade da terra e 1,10% para a área plantada (Tabela 
2).              Para 
a cultura do algodão, o levantamento final confirmou a tendência de aumento na 
área (7,8%), justificado pelos bons preços praticados na safra passada, e 
crescimento na produção (18,1%) devido à da melhora no rendimento (9,6%). As 
regiões de Avaré e Itapeva, juntas, representam 70% da área cultivada no Estado. 
Por conta da boa oferta mundial e retração da demanda no mercado externo, os 
grandes estados produtores reagiram ao comportamento da commodity no 
mercado internacional e praticamente mantiveram a área de algodão no 
país.              
Mantendo a tendência observada nos últimos anos, que aponta para a concentração 
da produção paulista de amendoim na safra das águas, este produto ocupou uma 
área de 79 mil hectares, 23% superior ao ano safra anterior com um rendimento 
superior em 9,5%, em comparação a 2010/11. A safra da seca de amendoim registra 
redução na área plantada (11,6%) e na produção (1,8%), apesar do aumento de 
11,1% no rendimento nesta safra, o que pode ser em decorrência do melhor trato 
cultural dedicado à exploração. Vale lembrar que a cultura do amendoim para o 
Estado de São Paulo representa uma importante atividade cujo objetivo principal 
é o de atuar como adubação verde, pois fixa nitrogênio quando intercalada na 
produção de cana-de-açúcar. Graças a esta característica, São Paulo é o maior 
produtor nacional com o melhor rendimento da cultura no país. 
             Para 
o arroz (de sequeiro e irrigado), registrou-se redução na área cultivada (6,3%) 
e na produção (1,4%); na produtividade, porém, dado a participação do arroz 
irrigado, obteve um crescimento de 5,2%. As causas de menor cultivo são 
atribuídas a preços pouco atrativos, custos de produção mais elevados, problemas 
de comercialização e concorrência com os estados da região Sul (maior 
produtora); esses fatores pesaram na decisão dos produtores paulistas na hora do 
plantio. Na região do Vale do Paraíba, concentra-se mais de 84% da produção 
paulista.              A 
área ocupada com feijão, safra da seca em 2011/12, foi 25,5% menor que a 
estimada no ano agrícola anterior, por decorrência da incidência de fatores 
climáticos, além da oscilação de preços que neste período levaram os produtores 
a deixar de plantar. Da mesma maneira ocorreu retração na produção e na 
produtividade, de 31,7% e 8,4%, respectivamente.              Com a 
maior área dentre as três safras, o feijão das águas foi plantado em 67,4 mil 
hectares, mas inferior à safra passada em 6,2%, a produção registrou queda de 
11,6% e o rendimento de 5,8%.              O 
volume a ser produzido de feijão, safra de inverno (cultura de sequeiro e 
irrigado), estima-se ser menor (2,9%) que o obtido em 2010/11, numa área de 29,2 
mil hectares, 5,2% menor que a da safra passada, pois sofreu os mesmos fatores 
desestimulantes que o feijão da seca.              O 
milho de sequeiro e irrigado no Estado vive um período de readequação dos 
estoques para o consumo de rações animais, para a exportação e o consumo 
alimentar interno do produto e seus derivados. Por ordem dessa interação de 
fatores, pode-se justificar os crescimentos na área plantada (3,3%) e na 
produção (3,7%) em relação à safra passada. A produtividade do milho ficou 
praticamente estável com aumento de 0,3%. Segundo produto do Estado nesta safra 
em área e quarto em produção, o milho de sequeiro e irrigado teve condições 
razoáveis de preço e clima para manter mesmo que discreto o crescimento em área 
e produção. Com um mercado cativo (cadeia de produção animal), o crescimento da 
demanda por proteínas animais assegura a esta exploração sua posição como 
produto tradicional no calendário agrícola do Estado de São Paulo. 
             Para 
a safra de inverno do milho safrinha, este levantamento registra aumento de 4,9% 
na área plantada. O melhor nível tecnológico do plantio de inverno, em razão do 
uso dos insumos de produção, associada a menor produção na safra passada que foi 
comprometida por geadas, justificam os ganhos de 55,3% na produtividade e de 
62,9% no volume a ser produzido nesta safra.              Os 
números finais da soja indicaram aumento em área plantada de 5,0% e praticamente 
repetiu a produção da safra passada de 1,5 milhão de toneladas. O rendimento 
obtido decresceu em 5,1%, por conta dos efeitos climáticos, que atingiram a 
lavoura no período de semeadura, no desenvolvimento vegetativo e na 
floração.              Para 
a soja safrinha, as tendências captadas neste levantamento são de elevações de 
8,0% na área, e de 8,6% na produção, e o rendimento esperado é 0,5% positivo na 
produtividade da terra, em comparação à safra passada,              A 
safra 2011/12 para tomate envarado, destinado ao consumo in natura, 
retrata uma área cultivada de aproximadamente 8,1 mil hectares e produção 
esperada de 558,5 mil toneladas, representando quedas de 4,6% e de 5,0%, 
respectivamente, em relação à safra 2010/11. Para a produtividade, espera-se 
diminuição de 0,5%, chegando em cerca de 68,6 t/ha.              No 
caso do tomate rasteiro (indústria), a previsão de produção da safra em São 
Paulo é de 319,8 mil toneladas, 15,7% maior que em 2010/11, resultado 
principalmente da expansão de área (10,7%), em vista do aumento da demanda por 
molho de tomate industrializado. Os ganhos de produtividade são da ordem de 
4,4%.              Na 
cultura do trigo, o quarto levantamento aponta acentuada redução de área (30,7%) 
em relação à safra passada, e da mesma forma também é prevista redução de 15,5% 
na produção, totalizando 110,9 mil toneladas. Porém, a produtividade indica 
ganhos de 21,9%, até o momento do levantamento. Pela concorrência com as 
culturas do milho e da soja com preços mais remunerados, e pelo fato de que o 
Estado é tradicional importador, a redução dessa atividade já era 
esperada.              Os 
resultados para a cultura do triticale indicam decréscimos inferiores ao do 
trigo, porém significativos em área (13,3%) e em produção (4,2%), apesar do 
crescimento na produtividade agrícola (10,5%) comparativamente à safra passada, 
insuficiente para compensar a menor área plantada.              Para 
a batata da seca, os números finais da safra 2011/12 são de maior produção 
(29,1%) em relação a safra anterior, decorrentes do aumento da área cultivada 
(24,6%) e do rendimento (3,6%).              A 
previsão para a área cultivada com batata de inverno, nesta safra, será de 11,7 
mil hectares, cerca de 4,8% menor que em 2010/11, porém com ganho de produção 
(18,7%) por conta da maior produtividade (24,7%). O aumento na produtividade 
confirma as expectativas de mercado que previam o bom desempenho da safra de 
batata de inverno no Estado de São Paulo. A produção de inverno é a maior no 
Estado de São Paulo para este produto que, junto com a de Minas Gerais, abastece 
o mercado brasileiro de agosto a outubro. A cultura tem se firmado porque, após 
sua colheita, recebe o cultivo de milho que é realizado com pouca adubação e 
irrigação, devido às condições de solo e de clima.              A 
cebola de bulbinho é cultivada tradicionalmente nos municípios de Divinolândia e 
Piedade, e a área plantada no Estado está em cerca de 0,93 mil hectares, 1,3% 
inferior à cultivada na safra passada. A produção obtida foi 7,1% maior, por 
conta de uma produtividade 8,6% acima. A safra é colhida entre maio e junho e se 
beneficia dos preços da entressafra.              A 
produção de cebola de muda (colhida de agosto a dezembro) poderá ser de 102,4 
mil toneladas, 16,2% inferior a do ano agrícola anterior, por conta da redução 
de área (19,8%), embora seja esperado crescimento de 4,5% na produtividade. Os 
baixos preços registrados no final de 2011 e a entrada do produto de outros 
estados do país, além da cebola argentina, vem desestimulando os produtores 
paulistas, e esta somatória de fatores pode justificar a diminuição do 
cultivo.              A 
área plantada com mandioca destinada à indústria, em 2011/12, apresenta redução 
de 9,6% e o volume a ser produzido pode chegar a 1.008,8 mil toneladas, 4,5% 
inferior à produção de 2010/11, já que a produtividade deverá apresentar-se 
negativa em 2,9%. Para a mandioca de mesa, são esperados um pequeno aumento de 
área (1,8%) e uma melhor resposta em produção (9,8%) graças ao rendimento 
agrícola positivo de 7,3%.              Neste 
levantamento há indicação de pequeno aumento na área da banana (1,3%), 
acompanhada de pequena redução na produção (2,6%), devendo chegar a 1,2 milhão 
de toneladas da fruta, e com isso, é esperado menor rendimento por hectare 
(3,2%). Ressalta-se que o levantamento contempla as diversas variedades da 
cultura, principalmente as variedades prata e nanica.              A 
produção paulista de café poderá alcançar 5,24 milhões de sacas beneficiadas, 
33,8% maior que a obtida na safra agrícola 2010/11, resultante de 33,6% a mais 
na produtividade, principalmente por conta da bienalidade da lavoura e da 
ocorrência de chuvas observadas a partir do último trimestre de 2011 e primeiro 
de 2012, associado ao condizente pacote agronômico utilizado no manejo dos 
cafezais por parte dos cafeicultores, que propiciou excelente recuperação 
vegetativa das plantas. A área plantada é de 223,5 mil hectares, praticamente a 
mesma que a passada.              Para 
cana-de-açúcar, a previsão do volume a ser produzido é de 416,3 milhões de 
toneladas, que representa crescimento de 2,5% em relação à safra anterior com a 
produtividade esperada de 78,8 t/ha, aumento de 2,3%. Em relação à área total 
cultivada, a expansão da cultura deve crescer 1,7%, enquanto para a área para 
corte o aumento previsto é de apenas 0,2%. Apesar dos números atuais serem 
positivos na comparação com a safra 2010/11, o ritmo de crescimento é menor 
quando comparados as safras dos anos de 2001 a 2010.              No 
levantamento realizado no mês de junho, foram incluídas questões sobre o domínio 
da produção – 'fornecedor' (inclui arrendatário), 'usina e outros' (inclui a 
cana-de-açúcar originária de, geralmente, pequenos produtores que destinam sua 
produção para garapa, destilarias de aguardente e similares, normalmente). 
Embora haja falta de cobertura, alguns resultados podem ser auferidos: a) tanto 
a área quanto a produção proveniente dos 'fornecedores' representam cerca de 30% 
do total estadual; b) já as 'usinas' e 'outros' são 65% e 5%, respectivamente; e 
c) a produtividade agrícola média declarada, tanto dos 'fornecedores' quanto das 
'usinas' é muito variável. A produtividade agrícola média estadual de 
'fornecedores' foi de 77 t/ha, variando de 46 a 140 t/ha. Para as 'usinas', a 
produtividade agrícola média estadual foi de 79 t/ha, sendo declarada de 40 a 
120 t/ha.              A 
safra paulista de laranja (realizada pelo método subjetivo), para a safra 
agrícola 2011/12 (safra industrial 2012/13), está estimada em 363,1 milhões de 
caixas de 40,8 kg, volume 5,6% inferior ao obtido na safra anterior, 
principalmente por conta de fatores climáticos, como a baixa precipitação na 
época do pegamento, o que reduziu a quantidade de frutos por planta da primeira 
florada. Outro motivo bastante significativo é a maior incidência de doenças que 
vêm acometendo os pomares, como a pinta-preta, o cancro cítrico e o 
greening, provocados tanto pelos fatores climáticos ocorridos no início 
de 2012 - que contribuíram para uma maior incidência desses agentes 
fitopatogêncios -, como pela falta de investimento nos tratos culturais. Este 
volume inclui tanto as frutas comerciais como os frutos provenientes de pomares 
não expressivos economicamente, e as perdas relativas ao processo produtivo e à 
colheita. A área total plantada está sendo prevista em 557,73 mil hectares (2,1% 
inferior que a plantada na safra passada), sendo 495,78 mil hectares de pomares 
em produção. A expectativa dos citricultores para essa safra quanto à 
produtividade média por hectare é semelhante ao ano safra anterior, que foi de 
732 caixas de 40,8kg por hectare (Tabelas 1, 3 e 4).              As 
informações deste levantamento também estão disponibilizadas por Região 
Administrativa (Tabela 5).              O 
próximo levantamento, a ser efetuado em setembro de 2012, deverá trazer 
informações mais precisas sobre produções e produtividades das culturas, ainda 
em desenvolvimento nesta safra. Também trará as primeiras informações de 
intenção de plantio das culturas da safra de verão para 2012/13 e os resultados 
finais de 2011/12 dos produtos agrícolas de inverno e das culturas 
perenes.  ²Entende-se por levantamento 
subjetivo a informação dada pelo técnico da Casa de Agricultura, em função de 
seu conhecimento regional e/ou da coleta do dado de forma declaratória, 
fornecida pelo responsável da unidade de produção. 
 Palavras-chave: previsão de 
safra, 5º levantamento, Estado de São Paulo.   
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
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¹Os autores agradecem os 
comentários dos colegas pesquisadores do IEA. Também agradecem aos técnicos das 
Casas de Agricultura o desempenho no levantamento. 
 
Data de Publicação: 27/08/2012
                Autor(es): 
                Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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